Acho que, finalmente, a estação mudou.
não sei se é aliado
ou se joga noutro lado
só sei que junto, perco de vista
longe, bota-me em banho maria!
ou se joga noutro lado
só sei que junto, perco de vista
longe, bota-me em banho maria!
bem me quer?
mal me quer.
bem me quero!
mal me quer.
bem me quero!
quando eu tento explicar
o seu efeito em mim
me perco nas palavras
tropeço em algumas
fica meio sem jeito
fico meio sem jeito
melhor deixar assim
mal inexplicado
indesejando o fim
o seu efeito em mim
me perco nas palavras
tropeço em algumas
fica meio sem jeito
fico meio sem jeito
melhor deixar assim
mal inexplicado
indesejando o fim
tantas placas e tantos sinais
quantos caminhos
quantas escolhas
meu passo cansado espera
para e observa
os seus detalhes
e se eu errar?
se o caminho oposto escolher
e perdido ficar
eu sei que eu terei
sobre os meus pés
uma luz a me guiar...
(E se eu tiver que ir a algum lugar
que seja com você
E se eu tiver que escolher aonde ir
que seja para onde você for)
Ela vem, avassaladora
Bambeia, permeia
Entra de penetra
Só sai quando gritam
Explosiva, invasora
Toma conta de tudo
Às vezes, vai
Inconstante, brincalhona
Faz de conta, acontece
Mas sempre cobra
Quer sempre a tristeza
Valor exato
E quanto mais se deve
Mais ela entra e envolve tudo
Pega, arranca, abraça
Com um sorriso infantil
É ela, bonita
A felicidade à porta
Bambeia, permeia
Entra de penetra
Só sai quando gritam
Explosiva, invasora
Toma conta de tudo
Às vezes, vai
Inconstante, brincalhona
Faz de conta, acontece
Mas sempre cobra
Quer sempre a tristeza
Valor exato
E quanto mais se deve
Mais ela entra e envolve tudo
Pega, arranca, abraça
Com um sorriso infantil
É ela, bonita
A felicidade à porta
Às vezes, tenho a sensação de que posso ser feliz para sempre. Não sei quanto tempo dura a sensação, mas é o suficiente para eu poder me lembrar dela nos dias maus. Nos dias quando a insatisfação me inunda. Ela me engole de maneira tão brutal que, por instinto, busco desesperadamente o escape. E, como num tropeço, encontro a memória. A imagem é tão próxima ao real que me confunde. E, então, posso ser feliz como que para sempre, de novo.
nada novo
tudo fora do lugar
muitas citações
nenhum upload
fico aqui a navegar
sem sereia, sem boto
sem nem rosa pra cheirar
tá faltando coragem
um pouco de medo
(pra dosar)
enquanto eu fico
seguindo o mesmo caminho
(deixando tudo no lugar)
tudo fora do lugar
muitas citações
nenhum upload
fico aqui a navegar
sem sereia, sem boto
sem nem rosa pra cheirar
tá faltando coragem
um pouco de medo
(pra dosar)
enquanto eu fico
seguindo o mesmo caminho
(deixando tudo no lugar)
E essa dor, querendo voltar? Que é isso? Abro meu peito para deixá-la ir se aconchegar no coração de outro qualquer. Mas me engana, se agarra em mim. Não me solta. Por quê? Pode ir. Eu não te quero, não te prendo. Eu te liberto. Deixe-me à sós com minha felicidade, por favor.
Cansei
Você não
Gostei
Você não
Um amor desconexo
é um amor impossível
Você não
Gostei
Você não
Um amor desconexo
é um amor impossível
Mas se esse amor
não cabe em nossos corações
que seja decretado fim
acabe-se depressa
essa nossa ira por não saber sentir
nem dosar o que se sente
que digamos adeus
como quem deve ir
passarinho aprende a voar e voa
que nos permitamos
ir embora e quem sabe
um volto logo seja a resposta
-
Mas se esse amor quiser ficar
Eu digo ei, eu digo olá
pode entrar
Chega aqui, dá um cheiro
Senta perto, sem ter medo
Passa a noite, tá frio lá fora
A gente fica aqui
Vendo as horas irem e virem
Sem demora, sem pressa
e quem sabe
um volto sempre seja a promessa
Quis te descrever
Não sei, parei
Era assim em mim
Palavras mudas
Cobertas sujas
Pensei em repetir
Odiei, destruí
Porque você era
Tudo em mim que não havia
Tudo em mim que não cabia
De dizer, de escrever
Num verso só.
Se for pra me ler
Que seja em voz alta!
o meu amor é tão meu, tão nosso
hoje, eu vou saber
se é pra ser
eu e você
"juntinhos, sem caber de imaginar"
entendo agora quando dizem
nunca senti isso antes
e é verdade.
Gosto de pensar que ainda me quer
assim, de fininho, ninguém vê
Gosto de pensar que ainda me ama
sem incomodar, sem perturbar ou aparecer
Gosto de pensar que ainda me lembra
crio as nossas memórias vendo tv
porque aí eu vivo, em silêncio, minha grande história de amor.
você me deu um nó
no cabelo, na ponta do dedo
um nó na cabeça
um nó em dó ré mim faz só
só eu e você
será?
esse nó que não diz
esse nó
na garganta
me diz
que é esse nó?
e você
não venha
não comece
essa sua astúcia
conheço de cor
e salteado
não venha
não comece
essa sua astúcia
conheço de cor
e salteado
andei
andei devagarzinho
repente, bati em quem
alguém não sei não vi
quando vi, já era
era eu e você
juntinhos pra cá
pra lá de bagdá
sem explicar
todo mundo dizia
riam, falavam
mas o quê?
foi um tropeço assim
de leve, eu e você
sutil, como quem não queremos nada.
andei devagarzinho
repente, bati em quem
alguém não sei não vi
quando vi, já era
era eu e você
juntinhos pra cá
pra lá de bagdá
sem explicar
todo mundo dizia
riam, falavam
mas o quê?
foi um tropeço assim
de leve, eu e você
sutil, como quem não queremos nada.
Eu sou uma metáfora para o seu amor.
Os olhos brilhavam. Gostava de vê-los assim, debatendo-se, lutando sem esperanças. Para ele, não era nada demais. Era como as coisas deveriam ser. Alguns morrem, outros vivem e a maioria segue sem saber como, nem por quê. Dava-lhe um prazer quase sobrenatural. Deslizava, lentamente, a lâmina da nuca ao cóccix. Em alguns momentos pressionava mais. Algo bem sensitivo. Agia como quem tivesse um plano e estava executando sua principal etapa. Reconhecia sua própria insanidade e, por isso, lidava muito bem com seus desejos. Liberava-os. Permitia-se sentir alegria na tristeza, sem moral ou juízo. Filmava tudo. Gostava de rever cada detalhe. As pupilas dilatadas, os olhos arregalados, as lágrimas que corriam. “Apressadas”.
O modus operandi não mudava. Conhecia alguém. Alguém que, pela sua insana intuição, tinha a necessidade de morrer. Alguém que carregava a famosa tristeza no olhar. Que começava tudo pensando em terminar – não pelo prazer da realização, mas pela agonia de ter de fazê-lo. Que passava os dias se arrastando, sem querer estar vivo. Não precisava de muitas pistas. Era só olhar e pronto. Destino traçado. Um destino, aliás, muito bem planejado e executado. Seduzia-os pela companhia, pela amizade, pelo sorriso no rosto. E cumpria sua missão. Ninguém daria falta. E se desse, os esforços seriam mínimos. Qualquer explicação bastava. Bebeu demais e sumiu por aí. Suicidou-se. Morreu em um assalto. Etc.
Eram muitas as vítimas, centenas. Às vezes, deixava que se amontoassem, numa espécie confortável de assento. E sentava, por horas, apenas para sentir o prazer sendo injetado em cada célula do seu corpo. Depois as queimava, as triturava, as espalhava por aí. Enfim, livrava-se daquelas carcaças. Não por que traziam péssimas lembranças, pelo contrário. Gostava de saber que a liberdade alcançou almas tão sofridas. Jogava-as fora, pois fediam.
Não havia motivos para que agisse assim, não pela psicologia. Não fora abusado. Nunca amou alguém demais a ponto de sofrer por sua morte. Seus pais sempre foram presentes. Teve ótimos amigos. Cresceu em um bairro rico. Nenhum parente tinha antecedentes criminais. Namorou muito. Era filho único. Teve bons exemplos durante toda a sua vida. Mas ele era assim e tinha a sensação de que todos eram, bastava dá-lhes a oportunidade.
Já estava velho e, a essa altura, era fácil fazer amigos. Amigos solitários e cansados. Amigas novas, com saias curtas. Solitários. Todos que matava eram assim.Entrou num bar. Era madrugada. Alguns ainda insistiam em ficar ali, bebendo eternamente. Anestesiando-se.
– Olá. – tão amigável quanto uma menina de 5 anos.
Dependendo dos interesses da vítima, contava-lhe histórias de sua infância, história de amores mal-acabados, histórias inventadas, lindas vitórias em guerra. Havia um catálogo de assuntos. Às vezes, esperava que dias se passassem, até meses, para que – num dia desses comuns que você acorda atarefado e irritado, esquecendo que tragédias acontecessem todos os dias – ele as convidasse para sua casa e, lá mesmo, fizesse todo o trabalho. Espancava, com um sorriso estampado em sua face. Quebrava cada osso do rosto, fazia desenhos aleatórios com a lâmina. Se fosse mulher e a achasse muito bonita, estuprava-as e depois lhes dava um beijo na testa.
E, por fim, dizia sempre a mesma frase. Ele a ouvira de seu avô, que tinha a mania de repetir máximas e provérbios aleatoriamente, como se o mundo precisasse, urgentemente, de cada um deles. Inclinava-se, observava o corpo desalmado cautelosamente e dizia, num sussurro ao pé do ouvido: “Todo desejo é um desejo de morte”.
O modus operandi não mudava. Conhecia alguém. Alguém que, pela sua insana intuição, tinha a necessidade de morrer. Alguém que carregava a famosa tristeza no olhar. Que começava tudo pensando em terminar – não pelo prazer da realização, mas pela agonia de ter de fazê-lo. Que passava os dias se arrastando, sem querer estar vivo. Não precisava de muitas pistas. Era só olhar e pronto. Destino traçado. Um destino, aliás, muito bem planejado e executado. Seduzia-os pela companhia, pela amizade, pelo sorriso no rosto. E cumpria sua missão. Ninguém daria falta. E se desse, os esforços seriam mínimos. Qualquer explicação bastava. Bebeu demais e sumiu por aí. Suicidou-se. Morreu em um assalto. Etc.
Eram muitas as vítimas, centenas. Às vezes, deixava que se amontoassem, numa espécie confortável de assento. E sentava, por horas, apenas para sentir o prazer sendo injetado em cada célula do seu corpo. Depois as queimava, as triturava, as espalhava por aí. Enfim, livrava-se daquelas carcaças. Não por que traziam péssimas lembranças, pelo contrário. Gostava de saber que a liberdade alcançou almas tão sofridas. Jogava-as fora, pois fediam.
Não havia motivos para que agisse assim, não pela psicologia. Não fora abusado. Nunca amou alguém demais a ponto de sofrer por sua morte. Seus pais sempre foram presentes. Teve ótimos amigos. Cresceu em um bairro rico. Nenhum parente tinha antecedentes criminais. Namorou muito. Era filho único. Teve bons exemplos durante toda a sua vida. Mas ele era assim e tinha a sensação de que todos eram, bastava dá-lhes a oportunidade.
Já estava velho e, a essa altura, era fácil fazer amigos. Amigos solitários e cansados. Amigas novas, com saias curtas. Solitários. Todos que matava eram assim.Entrou num bar. Era madrugada. Alguns ainda insistiam em ficar ali, bebendo eternamente. Anestesiando-se.
– Olá. – tão amigável quanto uma menina de 5 anos.
Dependendo dos interesses da vítima, contava-lhe histórias de sua infância, história de amores mal-acabados, histórias inventadas, lindas vitórias em guerra. Havia um catálogo de assuntos. Às vezes, esperava que dias se passassem, até meses, para que – num dia desses comuns que você acorda atarefado e irritado, esquecendo que tragédias acontecessem todos os dias – ele as convidasse para sua casa e, lá mesmo, fizesse todo o trabalho. Espancava, com um sorriso estampado em sua face. Quebrava cada osso do rosto, fazia desenhos aleatórios com a lâmina. Se fosse mulher e a achasse muito bonita, estuprava-as e depois lhes dava um beijo na testa.
E, por fim, dizia sempre a mesma frase. Ele a ouvira de seu avô, que tinha a mania de repetir máximas e provérbios aleatoriamente, como se o mundo precisasse, urgentemente, de cada um deles. Inclinava-se, observava o corpo desalmado cautelosamente e dizia, num sussurro ao pé do ouvido: “Todo desejo é um desejo de morte”.
Perdi minha inspiração. Em algum canto cheio, desbotado. Acho que foi em um cabelo embaraçado. Lembro de papeis, tons, sons, coisas aleatórias, sala de estar, eu e, se não me engano, você também. É provável que esteja debaixo de qualquer amor mal acabado. Esperando que eu o encontre. Fugindo, astuta, para o meu desespero. E imaginando as explicações que dou para seu sumiço. Alego sua farsa, exalto a técnica e o esforço. Não preciso amar para falar de amor. Que mentira é essa? Chorar pra falar de choro, sorrir para explicar o sorriso. Besteira. Misturo as palavras em uma ordem que me soe saudável e pronto. Sou poeta.
Clareia, toma conta
Não quero ouvir, mas
Diz aqui, ao pé do ouvido
Toda essa sua lábia
Despeja em mim
Seu horror, seu sabor
Eis-me aqui.
Não quero ouvir, mas
Diz aqui, ao pé do ouvido
Toda essa sua lábia
Despeja em mim
Seu horror, seu sabor
Eis-me aqui.
Gota por gota.
Até transbordar.
Até transbordar.