Não é como se eu soubesse sempre sobre o que digo, mas, sim, estou sempre dizendo. Só que nem sempre digo com palavras - essas com as quais adoro brincar e você também. Às vezes digo de outro jeito, às vezes digo com o corpo mesmo. Talvez, não sei bem, mas talvez o faça assim dessa maneira muito mais do que com as letras. Linguagem, você diz. Ah, linguagem é isto: corpo, a corporeidade das coisas que calhou certa vez serem esses símbolos todos juntos. E é sempre uma relação a dois, sabe? Digo "a dois" só como metáfora na verdade, digo para que entenda que não é coisa de um só. Linguagem é sair da solidão e queira você ou não é o que acabamos fazendo com esses pixels todos que invadem a tela, a palma da mão. Enfim... Volta e meia a gente faz isso mesmo. A gente diz, mesmo sem querer dizer.
quem você pensa que é
pra vir aqui e cortar meu gozo,
homem?
podar meu prazer
ao seu bel-prazer
sinto muito
e sinto com o corpo todo
não é só com o coração não
como você julga
ou se engana ao acreditar
a mãe das mães também fode, oras
eu sinto na pele mesmo
arrepio
desejo marcado no olho, na íris
boca, peito, clitóris
é que meu corpo é meu
não tenho nada
só tenho esse corpo que deus me deu
desse jeito que ele é
em eterna mutação
que sente, sofre e goza
mesmo quando você nega
ou esquece de se lembrar
pra vir aqui e cortar meu gozo,
homem?
podar meu prazer
ao seu bel-prazer
sinto muito
e sinto com o corpo todo
não é só com o coração não
como você julga
ou se engana ao acreditar
a mãe das mães também fode, oras
eu sinto na pele mesmo
arrepio
desejo marcado no olho, na íris
boca, peito, clitóris
é que meu corpo é meu
não tenho nada
só tenho esse corpo que deus me deu
desse jeito que ele é
em eterna mutação
que sente, sofre e goza
mesmo quando você nega
ou esquece de se lembrar