No final da vida, será quando veremos quantas mensagens de amor tivemos e quantos cartões postais recebemos. Não necessariamente no final da vida, mas é que nessa fase é que... bem, poderemos ter certeza de muitas coisas. Não que seja fácil saber seu 'final da vida'. Algumas pessoas vivem só alguns meses, outras, alguns anos... Tem gente que passa dos 100 e nem vira manchete de jornal. Mas, o fato é que querendo ou não, teremos muitos amores. Você pode ser roqueiro, retrô, virgem ou padre. Mas os amores são como figurinhas que guardamos no álbum da vida. Amores não são paixões e nem devem ser comuns e, também, não precisam de contato físico. Amores são amores. A gente entende, quando se encontra um.
Eu não sei muito sobre coincidências, até porque não acredito muito nisso. Mas quando "destino" parece não ser a palavra certa, os acasos da vida mostram bem que são apenas simples coincidências.
Há sempre um certo dia em que se decide tudo sobre tudo, mesmo que possamos voltar atrás e mudar o quadro, saberemos, nós e todos que nos rodeiam, que houve uma vez que fizemos a decisão separando, em um ponto crucial de nossa biografia, o antes de o depois.
Mas eu admito que não esperava esse dia tão cedo. A gente parece viver mais do que pensa. E cedo não significa que eu era adolescente, nem tampouco jovem. Havia chegado aos 37 anos, tinha mulher e um filho já casado. É. Fui naquela onda hippie-underground e tive Cauã aos 17 anos. Casei-me cedo. Cansei de casar mais cedo ainda. Minha esposa chama-se Magnólia. Que mania de flor que esse pessoal tinha. Era Dona Rosa aqui, Rosália ali, uma Margarida para não sobrar. Já vi até Tulipa, juro. E para piorar a irmã de Magnólia tinha um nome mais florido ainda: Angélica do Rosário.
Voltando ao assunto principal, na época em que tive meu dia decisivo, eu já nem me sentia casado. Eu e Magnólia nos relacionávamos rotineiramente, como um trabalho. Eu acordava cedo para ir à redação, ela fazia o café e a janta, pois na hora do almoço ia para o consultório, era psicóloga. Encontrávamo-nos às 21h para rimos do filme velho da televisão e dormirmos abraçados, como jovens em lua-de-mel. Pode parecer romântico, mas eu já achava cansativo. O sexo vinha no máximo três vezes na semana.
Eu sempre pensei que quando fosse estar casado há vinte anos com alguém, eu fosse ser o homem mais gentil e cavalheiro do mundo. E eu era, mas eu pensava que as minhas atitudes fariam da rotina, uma aventura a cada dia. Mas não foi bem isso que meu destino quis.
O dinheiro que ganhávamos era suficiente, quando sobrava, eu comprava livros e ela flores, talheres de prata ou louça de cristal. Mulher tem disso.
Eis aí o meu prefácio. Até o dia, que me lembro bem, foi quando o time de futebol de salão do pessoal do jornal tinha ganhado o campeonato regional. Dia 27 de março de 1988. Todo o povo da cidade se movimentou para ver a final do campeonato, assim que acabou, a multidão de fãs, loucos ou indiferentes se apossaram dos bares da cidade. Nunca vi tanta gente querendo beber de uma vez. Alguns comemoravam, outros choravam pelos problemas do dia, mas a maioria estava ali por não haver mais o que fazer.
Esse dia era mesmo para ter sido excepcional, já que eu não estava lotado de trabalho e me dei ao luxo de sentar à mesa de um café, pedir um capuccino com chocolate e tentar umas prosas em uns papéis perdidos.
Não sei se mulheres bonitas que querem passar despercebidas escolhem dias como esse para surgirem na cidade, mas sei que ela decidiu por assim fazer. Eu estava com um charuto, antigo, que meu chefe havia me dado, por alguns favores comuns que fazemos à homens como chefes. E forçava uma cara de intelectual, bem, de mais intelectual, porque quando se é jornalista essa cara vem sem querer. Rabiscando um dos incontáveis guardanapos que havia na mesa. É sério, eles pareciam intermináveis, quase diziam que eu deveria ficar ali até o amanhecer.
Ao levantar meu pequenos olhos cor-de-mel, eu a avistei. Se era cena de filme, ou não, eu não conseguia desgrudar o olhar de seus pés, suas sandálias, seu andar e de tudo. Era um pacote de presente. E eu queria para mim, claro. Iria completar 38 em uma semana.
Por acaso do destino, ela tropeçou e derramou todos os papéis que estavam em minha mesa. Eu fingi que eram importantes, e usei meus dons de ator para convencê-la disso.
- Não deixe escapar um. Sem eles eu estou ferrado.
A moça se assustou, mas foi uma reação normal. Um pouco ou bastante (tanto faz) encabulada, ela olhou-me de canto, que só via sua bochechas rosadas, dizendo palavras tão sutis que quase não ouvi. eu estava em transe, ainda.
Despertei quando ela estendeu a mão para cumprimentar-me.
- Que o prazer seja meu. Chamo-me Escarlate.
"Meu Deus!", pensei tão forte que acho que ouviram. Que nome lindo ela tinha. Nada melhor do que Escarlate. Era a cor das suas bochechas, das suas unhas e de seus sapatos. Pedi para que sentasse, pois parecia ter uma grande história a contar. Ela pareceu que iria resistir, mas cedeu sem insistência. às vezes, precisamos mesmo é de companhia.
- Porque veio para cá? Há de ter família em outro lugar que te guarde.
Ela parecia ter uns vinte anos no máximo.
- Venho a procura de outra vida. As que já tive me cansaram as pernas. Se eu pudesse passar por aqui, deitada numa rede, meus pés de bailarina exausta, agradeceriam sem hesitar.
- Você fala como artista. O que faz da vida?
- Faço arte. Danço, pinto e canto.
- Se fizesse mais, casaria contigo. - Dei umas risadas de velho, como se tivesse 47 anos.
- Bom, eu escrevo, também.
Até hoje, não sei se fez para que eu a pedisse em casamento, ou apenas para continuar a conversa e cortar meu barato. Acasos acabam me confundindo por inteiro. Decidi que iríamos ser amigos. Contei a ela sobre a minha infância e sobre meu ofício. Ela me disse da vida dura que teve e dos homens aos quais já pertenceu. Trocamos confidências, logo depois que pedi um vinho.
Nem pensei em Magnólia, nessa hora. Talvez ela estivesse lendo meus livros, relendo suas cartas antigas, como gostava de fazer. Lustrando os móveis, os talheres e as louças. Ou comemorando com as amigas, numa dança única, a alegria de ganhar e de perder. Magnólia era tão romântica. E bela, também.
Quando escarlate disse-me sua idade, arregalei os olhos espantado. Já havia chegado aos 32. Não lembro se disse que parecia mais nova, mas tenho certeza que disse das bochechas. Eu as amei de cara.
Nessa noite, eu a levei por toda a cidade, de madrugada, o que não era problema, porque havia muitas pessoas na rua e a noite parecia não acabar. Disse a ela sobre tudo e expliquei todos os mistérios da ilha.
Quando acabou, parei em frente a prainha, onde, incrivelmente, estava deserta. Logo naquele dia tão tumultuado. Ela me olhou como quem não devesse nada a ninguém, sorriu e foi correr pela areia. Fui logo após.
Eu posso dizer que nem Magnólia declamando poesia era tão bonita quando Escarlate correndo, como moça sem rapaz. Ela me chamava. E me seduziu completamente, fui vítima do poder feminino. Quando pude encostar nela, já não era sutil, era romântico. Toquei-lhe como me pediu pelos olhos e naquele dia eu experimentei de uma felicidade que achava que estava ausente para sempre.
Continuamos a nos ver um tempo, mas não muito tempo. Eu nunca fui de querer ter uma amante. Acho tão machista. Quis ter um papo com a dona, a que me possuía, de verdade, naquele tempo.
- Magnólia...
- Sim, querido?
Levantei-me e fingi uma dança, sorrindo e disse-lhe:
- Que se um cravo que tem uma tulipa, bonita como orquídea, viu uma rosa, vermelha de doer, ardeu de paixão, amor ou seja lá o que for. Deu-se de presente e triste ficou, porque a tulipa lhe esperava, mansa como uma margarida regada. Que há de fazerem os dois?
Magnólia fechou a cara. De flor, meu irmão, essa mulher entendia muito bem. Graças a Deus, ela era a mais calma que já havia conhecido, caso contrário teria levado um copo na cabeça.
Ela se sentou, me olhou fundo, querendo me atingir e disse-me:
- Ou se arranca a rosa vermelha do jardim, ou afastam o cravo e a tulipa. Que o destino do cravo ele que sabe, mas flor que é flor, exala para todos os lados.
Ela, como sempre, devolveu-me uma resposta bem melhor da que eu esperava. Olhei-a firme, querendo dizer que a amava, mas não adiantaria. Ela sabe o que sinto. Fiz que sim com a cabeça, que iria trancar-me no quarto e só sairia quando decidisse.
Maldita idéia. Como sou um homem de palavra, fiquei no meu quarto. Louco, pirado. Pensando comigo, falando e até, gritando. Seria Escarlate uma diversão, daquelas que o marido sempre tem depois de anos de casado? Ou seria o meu novo grande amor? Será possível que terei apenas um?
Dúvida infernal.
Sai do quarto. Decidi que jantaríamos os três, não escolhi nem uma, nem outra, mas havia decidido algo: o fim dessa trama não estava mais em minhas mãos, e sim nas delas.
No dia do jantar, Escarlate trouxe consigo Daniel, um amigo de longas datas, alegando que ele estava passando uns dias em sua casa.
O jantar foi melhor do que eu imaginava. Magnólia sempre educara e risonha. Ela era incrível demais. Fazia tudo sempre bem feito. A comida, então... Nem se fala.
Quando fui dormir, ela não disse uma palavra, apenas sorriu levemente. Eu acho que era um sorriso. Mas tudo bem, eu não queria papo, queria pensar.
Para resumir um pouco a história, passaram-se dois anos na mesma situação. E a rotina já havia me pregado a maior peça. Acho que até eu ri de mim, numa dessas tardes que o trem passa e não se ouve nada além dos barulhos do trilho.
Tina 39 anos quando Magnólia pediu divórcio. Eu poderia dizer que pirei quando ela veio me dizer isso. Disse, em tantos rodeios, que não aguentava mais minha farra de menino com duas moças e, independente do que eu dissesse, era assim que sucederia. Que eu podia fazer? Era vítima de tudo. Das mulheres sedutoras e das determinadas.
Fiquei morando sozinho. Quando soube que minha ex-esposa, havia ido morar com um holandês intelectual, tratei logo de trazer Escarlate pra dentro de casa.
Não nos casamos, mas eu me sentia casado. Engraçado, né, vida? Engraçadíssimo. Eu trazia cada dia uma flor diferente, mesmo que repetisse, de vez em quando, era diferente das semanas passadas. Ela dançava sempre para mim, cantava uma de suas novas canções no violão que dei-lhe.
Eu me sentia homem e o melhor de tudo: eu me sentia novo. Escarlate era tudo o que eu queria e tudo o que eu precisava. Sem pôr, nem tirar. Éramos eu, escarlate e os discos de vinil que ela trazia sempre.
Um dia ela trouxe comida chinesa. Nem sei de onde ela tirou. Estava com um perfume estranho e chegou dizendo que Daniel estava voltando à cidade e iria hospedar-se em nossa casa. Fiquei furiosos, sem demonstrar.
- Boa essa comida, né? Adoro a cozinha chinesa.
- Nem todo mau é completamente mau, e nem todo bom é completamente bom.
Ela fez uma cara de que não havia entendido. Então eu disse:
- Essa foi a única coisa que aprendi com os malditos chineses.
E me retirei da mesa, bravo. Bravo, mesmo. Quem era esse cara que vinha querer roubar minha felicidade e minha mulher? Não queria ele por perto.
Quando Daniel chegou, a casa virou um inferno. Eles ficavam até de madrugada conversando e ouvindo o vinil antigo que ele ganhara da avó, tomando o vinho que eu comprei. Eu, sentado, escrevia e fumava aquele charuto, observando-os discretamente.
Acabou que Daniel se mudou para nossa cidade, encontrou um casinha próxima a nossa. Eles se viam todos os dias. Eu ficava doido de pensar o que acontecia quando eu estava ausente.
Uma vez, me deram folga na redação. Não fui para casa. Comprei flores e fui visitar Magnólia e o holandês bonitão.
Eles me receberam bem, sem sustos e nem nada. Apenas alegria. Era o jeito dela: incrível. Mas assim que entrei na casa, notei algo estranho. Estranhíssimo. As paredes eram de madeira e os lustres pareciam cristais originais, caros. As louças, espalhadas pela casa faziam parte de uma famosa coleção chinesa. Os tecidos de todos os lugares: as cortinas, lençóis, panos e a maioria das roupas, eram tecidos indianos. Fiquei meio acanhado e desconfiado, mas imaginei que fosse idéia de Magnólia no ouvido do tal coitado. Mulher tem disso. E alguns homens também.
Depois desse dia, ela não parou de me ligar e me procurar. Nos viámos algumas vezes. Eu prefiria ficar em casa, observando Escarlate e Daniel. Odeio esse nome... Daniel.
Certa vez, Magnólia me chamou para visitá-la e, para minha surpresa, o galã estava ausente. E, sem mais delongas, fui novamente a vítima. Ela me seduziu e passamos a noite juntos. Foi maravilhoso.Ela nunca esteve tão perfeita.
Ao entrar em casa, Escarlate me fuzilou com os olhos e gritava, furiosa, perguntando onde é que eu estive, que cheiro era aquele, por que estava com cabelo desarrumada e por que eu queria tomar banho. Eram tantas perguntas que nem sei se ela queria saber as respostas.
Mas como eu era honesto, respondi:
- Passei a noite com Magnólia.
Ela nunca gritou tanto em sua vida. Estava muito nervosa. Acho que fez jus ao seu nome, de uma vez por todas. Eu, que já nem ligava, estava gostando daqueles ciumes, daquela atenção só pra mim, nem que fosse pra brigar comigo. E, por fim, disse que se eu não a visse nunca mais, ela não me deixaria. Eu concordei. Mas a verdade foi que não conseguia parar de vê-la. Principalmente, quando soube que o tal holandês era um modelo homossexual, tentando passar de hétero para a família, em um momento trágico de sua vida. Eu ri demais de mim mesmo.
- Se não fosse isso, talvez nem teria chamado Escarlate para morar comigo.
Foi o que disse quando Magnólia revelou-me a verdade. Rimos bastante nesse dia. Ela leu alguns poemas, enrolada em lençóis indianos. E eu contei de algumas crônicas da vida, momentos que ela perdeu estando com ele.
Aconteceu que terminei com Escarlate, pois descobri que ela tinha um caso com Daniel. Finalmente! Desejei felicidade, mas bem longe da cidade. Não que eu quisesse fazer rima.
Magnólia voltou ao lar. Compramos um gato, branco e velho. Para nos acompanhar a idade. Já tinha 48 anos.
Vivemos muito bem nossos dias. Viajamos bastante, e dividíamos todas as tarefas e todo o carinho. Mas ela adoeceu, uma tuberculose das braba atingiu minha amada e ela se foi ao encontro do paraíso, seu jardim oficial.
Eu fiquei só. E até hoje estou. Dez anos depois, não quis nenhuma outra mulher. Nem Escarlate, maldita escarlate, nem nenhuma outra com bochechas avermelhadas ou que me pedissem dinheiro. Eu me trancava em casa, mesmo aposentado, escrevia cartas a ela. Cartas destinadas ao céu. Cozinhava suas comidas preferidas. Comparava talheres de prata, para agradá-la. Uma vez, juntei dinheiro e comprei um lustre, muito chique. Acho que ela deve ter chorado, porque choveu muito.
De qualquer maneira, meu filho, eu lhe escrevo esses sentimentos para que não se esqueça que esse homem velho, que já parte, nunca deixou de amar sua mãe, mesmo enganado pela paixão. A paixão dói e é vermelha. Esses pedaços da minha vida, eu já havia escrito esperando exatamente essa ocasião.
Queria me desculpar pela ausência na vida dos meus netos. Eu virei avô muito cedo, estava ainda vivendo a vida com duas mulheres incríveis. Espero que me entenda, mas não faço questão de me justificar. Já estou partindo. E quando eu for de vez encontrar sua mãe no jardim dela, você pode ficar com tudo o que tenho. Todas as jóias antigas, os livros, a casa, a fornalha do porão e as minhas experiências poéticas. Tudo.
Bom, Cauã, manda um beijo pra Júlia, pro Pedro e para os meninos da Renata Galvão. Por favor, doe os meus órgãos e escreva na minha lápide o que quer que seja, mas que seja um adeus. Agora vou tomar meu remédio, e se eu morrer até lá... Boa sorte.
Abraços e sorrisos,
Papai.
Há sempre um certo dia em que se decide tudo sobre tudo, mesmo que possamos voltar atrás e mudar o quadro, saberemos, nós e todos que nos rodeiam, que houve uma vez que fizemos a decisão separando, em um ponto crucial de nossa biografia, o antes de o depois.
Mas eu admito que não esperava esse dia tão cedo. A gente parece viver mais do que pensa. E cedo não significa que eu era adolescente, nem tampouco jovem. Havia chegado aos 37 anos, tinha mulher e um filho já casado. É. Fui naquela onda hippie-underground e tive Cauã aos 17 anos. Casei-me cedo. Cansei de casar mais cedo ainda. Minha esposa chama-se Magnólia. Que mania de flor que esse pessoal tinha. Era Dona Rosa aqui, Rosália ali, uma Margarida para não sobrar. Já vi até Tulipa, juro. E para piorar a irmã de Magnólia tinha um nome mais florido ainda: Angélica do Rosário.
Voltando ao assunto principal, na época em que tive meu dia decisivo, eu já nem me sentia casado. Eu e Magnólia nos relacionávamos rotineiramente, como um trabalho. Eu acordava cedo para ir à redação, ela fazia o café e a janta, pois na hora do almoço ia para o consultório, era psicóloga. Encontrávamo-nos às 21h para rimos do filme velho da televisão e dormirmos abraçados, como jovens em lua-de-mel. Pode parecer romântico, mas eu já achava cansativo. O sexo vinha no máximo três vezes na semana.
Eu sempre pensei que quando fosse estar casado há vinte anos com alguém, eu fosse ser o homem mais gentil e cavalheiro do mundo. E eu era, mas eu pensava que as minhas atitudes fariam da rotina, uma aventura a cada dia. Mas não foi bem isso que meu destino quis.
O dinheiro que ganhávamos era suficiente, quando sobrava, eu comprava livros e ela flores, talheres de prata ou louça de cristal. Mulher tem disso.
Eis aí o meu prefácio. Até o dia, que me lembro bem, foi quando o time de futebol de salão do pessoal do jornal tinha ganhado o campeonato regional. Dia 27 de março de 1988. Todo o povo da cidade se movimentou para ver a final do campeonato, assim que acabou, a multidão de fãs, loucos ou indiferentes se apossaram dos bares da cidade. Nunca vi tanta gente querendo beber de uma vez. Alguns comemoravam, outros choravam pelos problemas do dia, mas a maioria estava ali por não haver mais o que fazer.
Esse dia era mesmo para ter sido excepcional, já que eu não estava lotado de trabalho e me dei ao luxo de sentar à mesa de um café, pedir um capuccino com chocolate e tentar umas prosas em uns papéis perdidos.
Não sei se mulheres bonitas que querem passar despercebidas escolhem dias como esse para surgirem na cidade, mas sei que ela decidiu por assim fazer. Eu estava com um charuto, antigo, que meu chefe havia me dado, por alguns favores comuns que fazemos à homens como chefes. E forçava uma cara de intelectual, bem, de mais intelectual, porque quando se é jornalista essa cara vem sem querer. Rabiscando um dos incontáveis guardanapos que havia na mesa. É sério, eles pareciam intermináveis, quase diziam que eu deveria ficar ali até o amanhecer.
Ao levantar meu pequenos olhos cor-de-mel, eu a avistei. Se era cena de filme, ou não, eu não conseguia desgrudar o olhar de seus pés, suas sandálias, seu andar e de tudo. Era um pacote de presente. E eu queria para mim, claro. Iria completar 38 em uma semana.
Por acaso do destino, ela tropeçou e derramou todos os papéis que estavam em minha mesa. Eu fingi que eram importantes, e usei meus dons de ator para convencê-la disso.
- Não deixe escapar um. Sem eles eu estou ferrado.
A moça se assustou, mas foi uma reação normal. Um pouco ou bastante (tanto faz) encabulada, ela olhou-me de canto, que só via sua bochechas rosadas, dizendo palavras tão sutis que quase não ouvi. eu estava em transe, ainda.
Despertei quando ela estendeu a mão para cumprimentar-me.
- Que o prazer seja meu. Chamo-me Escarlate.
"Meu Deus!", pensei tão forte que acho que ouviram. Que nome lindo ela tinha. Nada melhor do que Escarlate. Era a cor das suas bochechas, das suas unhas e de seus sapatos. Pedi para que sentasse, pois parecia ter uma grande história a contar. Ela pareceu que iria resistir, mas cedeu sem insistência. às vezes, precisamos mesmo é de companhia.
- Porque veio para cá? Há de ter família em outro lugar que te guarde.
Ela parecia ter uns vinte anos no máximo.
- Venho a procura de outra vida. As que já tive me cansaram as pernas. Se eu pudesse passar por aqui, deitada numa rede, meus pés de bailarina exausta, agradeceriam sem hesitar.
- Você fala como artista. O que faz da vida?
- Faço arte. Danço, pinto e canto.
- Se fizesse mais, casaria contigo. - Dei umas risadas de velho, como se tivesse 47 anos.
- Bom, eu escrevo, também.
Até hoje, não sei se fez para que eu a pedisse em casamento, ou apenas para continuar a conversa e cortar meu barato. Acasos acabam me confundindo por inteiro. Decidi que iríamos ser amigos. Contei a ela sobre a minha infância e sobre meu ofício. Ela me disse da vida dura que teve e dos homens aos quais já pertenceu. Trocamos confidências, logo depois que pedi um vinho.
Nem pensei em Magnólia, nessa hora. Talvez ela estivesse lendo meus livros, relendo suas cartas antigas, como gostava de fazer. Lustrando os móveis, os talheres e as louças. Ou comemorando com as amigas, numa dança única, a alegria de ganhar e de perder. Magnólia era tão romântica. E bela, também.
Quando escarlate disse-me sua idade, arregalei os olhos espantado. Já havia chegado aos 32. Não lembro se disse que parecia mais nova, mas tenho certeza que disse das bochechas. Eu as amei de cara.
Nessa noite, eu a levei por toda a cidade, de madrugada, o que não era problema, porque havia muitas pessoas na rua e a noite parecia não acabar. Disse a ela sobre tudo e expliquei todos os mistérios da ilha.
Quando acabou, parei em frente a prainha, onde, incrivelmente, estava deserta. Logo naquele dia tão tumultuado. Ela me olhou como quem não devesse nada a ninguém, sorriu e foi correr pela areia. Fui logo após.
Eu posso dizer que nem Magnólia declamando poesia era tão bonita quando Escarlate correndo, como moça sem rapaz. Ela me chamava. E me seduziu completamente, fui vítima do poder feminino. Quando pude encostar nela, já não era sutil, era romântico. Toquei-lhe como me pediu pelos olhos e naquele dia eu experimentei de uma felicidade que achava que estava ausente para sempre.
Continuamos a nos ver um tempo, mas não muito tempo. Eu nunca fui de querer ter uma amante. Acho tão machista. Quis ter um papo com a dona, a que me possuía, de verdade, naquele tempo.
- Magnólia...
- Sim, querido?
Levantei-me e fingi uma dança, sorrindo e disse-lhe:
- Que se um cravo que tem uma tulipa, bonita como orquídea, viu uma rosa, vermelha de doer, ardeu de paixão, amor ou seja lá o que for. Deu-se de presente e triste ficou, porque a tulipa lhe esperava, mansa como uma margarida regada. Que há de fazerem os dois?
Magnólia fechou a cara. De flor, meu irmão, essa mulher entendia muito bem. Graças a Deus, ela era a mais calma que já havia conhecido, caso contrário teria levado um copo na cabeça.
Ela se sentou, me olhou fundo, querendo me atingir e disse-me:
- Ou se arranca a rosa vermelha do jardim, ou afastam o cravo e a tulipa. Que o destino do cravo ele que sabe, mas flor que é flor, exala para todos os lados.
Ela, como sempre, devolveu-me uma resposta bem melhor da que eu esperava. Olhei-a firme, querendo dizer que a amava, mas não adiantaria. Ela sabe o que sinto. Fiz que sim com a cabeça, que iria trancar-me no quarto e só sairia quando decidisse.
Maldita idéia. Como sou um homem de palavra, fiquei no meu quarto. Louco, pirado. Pensando comigo, falando e até, gritando. Seria Escarlate uma diversão, daquelas que o marido sempre tem depois de anos de casado? Ou seria o meu novo grande amor? Será possível que terei apenas um?
Dúvida infernal.
Sai do quarto. Decidi que jantaríamos os três, não escolhi nem uma, nem outra, mas havia decidido algo: o fim dessa trama não estava mais em minhas mãos, e sim nas delas.
No dia do jantar, Escarlate trouxe consigo Daniel, um amigo de longas datas, alegando que ele estava passando uns dias em sua casa.
O jantar foi melhor do que eu imaginava. Magnólia sempre educara e risonha. Ela era incrível demais. Fazia tudo sempre bem feito. A comida, então... Nem se fala.
Quando fui dormir, ela não disse uma palavra, apenas sorriu levemente. Eu acho que era um sorriso. Mas tudo bem, eu não queria papo, queria pensar.
Para resumir um pouco a história, passaram-se dois anos na mesma situação. E a rotina já havia me pregado a maior peça. Acho que até eu ri de mim, numa dessas tardes que o trem passa e não se ouve nada além dos barulhos do trilho.
Tina 39 anos quando Magnólia pediu divórcio. Eu poderia dizer que pirei quando ela veio me dizer isso. Disse, em tantos rodeios, que não aguentava mais minha farra de menino com duas moças e, independente do que eu dissesse, era assim que sucederia. Que eu podia fazer? Era vítima de tudo. Das mulheres sedutoras e das determinadas.
Fiquei morando sozinho. Quando soube que minha ex-esposa, havia ido morar com um holandês intelectual, tratei logo de trazer Escarlate pra dentro de casa.
Não nos casamos, mas eu me sentia casado. Engraçado, né, vida? Engraçadíssimo. Eu trazia cada dia uma flor diferente, mesmo que repetisse, de vez em quando, era diferente das semanas passadas. Ela dançava sempre para mim, cantava uma de suas novas canções no violão que dei-lhe.
Eu me sentia homem e o melhor de tudo: eu me sentia novo. Escarlate era tudo o que eu queria e tudo o que eu precisava. Sem pôr, nem tirar. Éramos eu, escarlate e os discos de vinil que ela trazia sempre.
Um dia ela trouxe comida chinesa. Nem sei de onde ela tirou. Estava com um perfume estranho e chegou dizendo que Daniel estava voltando à cidade e iria hospedar-se em nossa casa. Fiquei furiosos, sem demonstrar.
- Boa essa comida, né? Adoro a cozinha chinesa.
- Nem todo mau é completamente mau, e nem todo bom é completamente bom.
Ela fez uma cara de que não havia entendido. Então eu disse:
- Essa foi a única coisa que aprendi com os malditos chineses.
E me retirei da mesa, bravo. Bravo, mesmo. Quem era esse cara que vinha querer roubar minha felicidade e minha mulher? Não queria ele por perto.
Quando Daniel chegou, a casa virou um inferno. Eles ficavam até de madrugada conversando e ouvindo o vinil antigo que ele ganhara da avó, tomando o vinho que eu comprei. Eu, sentado, escrevia e fumava aquele charuto, observando-os discretamente.
Acabou que Daniel se mudou para nossa cidade, encontrou um casinha próxima a nossa. Eles se viam todos os dias. Eu ficava doido de pensar o que acontecia quando eu estava ausente.
Uma vez, me deram folga na redação. Não fui para casa. Comprei flores e fui visitar Magnólia e o holandês bonitão.
Eles me receberam bem, sem sustos e nem nada. Apenas alegria. Era o jeito dela: incrível. Mas assim que entrei na casa, notei algo estranho. Estranhíssimo. As paredes eram de madeira e os lustres pareciam cristais originais, caros. As louças, espalhadas pela casa faziam parte de uma famosa coleção chinesa. Os tecidos de todos os lugares: as cortinas, lençóis, panos e a maioria das roupas, eram tecidos indianos. Fiquei meio acanhado e desconfiado, mas imaginei que fosse idéia de Magnólia no ouvido do tal coitado. Mulher tem disso. E alguns homens também.
Depois desse dia, ela não parou de me ligar e me procurar. Nos viámos algumas vezes. Eu prefiria ficar em casa, observando Escarlate e Daniel. Odeio esse nome... Daniel.
Certa vez, Magnólia me chamou para visitá-la e, para minha surpresa, o galã estava ausente. E, sem mais delongas, fui novamente a vítima. Ela me seduziu e passamos a noite juntos. Foi maravilhoso.Ela nunca esteve tão perfeita.
Ao entrar em casa, Escarlate me fuzilou com os olhos e gritava, furiosa, perguntando onde é que eu estive, que cheiro era aquele, por que estava com cabelo desarrumada e por que eu queria tomar banho. Eram tantas perguntas que nem sei se ela queria saber as respostas.
Mas como eu era honesto, respondi:
- Passei a noite com Magnólia.
Ela nunca gritou tanto em sua vida. Estava muito nervosa. Acho que fez jus ao seu nome, de uma vez por todas. Eu, que já nem ligava, estava gostando daqueles ciumes, daquela atenção só pra mim, nem que fosse pra brigar comigo. E, por fim, disse que se eu não a visse nunca mais, ela não me deixaria. Eu concordei. Mas a verdade foi que não conseguia parar de vê-la. Principalmente, quando soube que o tal holandês era um modelo homossexual, tentando passar de hétero para a família, em um momento trágico de sua vida. Eu ri demais de mim mesmo.
- Se não fosse isso, talvez nem teria chamado Escarlate para morar comigo.
Foi o que disse quando Magnólia revelou-me a verdade. Rimos bastante nesse dia. Ela leu alguns poemas, enrolada em lençóis indianos. E eu contei de algumas crônicas da vida, momentos que ela perdeu estando com ele.
Aconteceu que terminei com Escarlate, pois descobri que ela tinha um caso com Daniel. Finalmente! Desejei felicidade, mas bem longe da cidade. Não que eu quisesse fazer rima.
Magnólia voltou ao lar. Compramos um gato, branco e velho. Para nos acompanhar a idade. Já tinha 48 anos.
Vivemos muito bem nossos dias. Viajamos bastante, e dividíamos todas as tarefas e todo o carinho. Mas ela adoeceu, uma tuberculose das braba atingiu minha amada e ela se foi ao encontro do paraíso, seu jardim oficial.
Eu fiquei só. E até hoje estou. Dez anos depois, não quis nenhuma outra mulher. Nem Escarlate, maldita escarlate, nem nenhuma outra com bochechas avermelhadas ou que me pedissem dinheiro. Eu me trancava em casa, mesmo aposentado, escrevia cartas a ela. Cartas destinadas ao céu. Cozinhava suas comidas preferidas. Comparava talheres de prata, para agradá-la. Uma vez, juntei dinheiro e comprei um lustre, muito chique. Acho que ela deve ter chorado, porque choveu muito.
De qualquer maneira, meu filho, eu lhe escrevo esses sentimentos para que não se esqueça que esse homem velho, que já parte, nunca deixou de amar sua mãe, mesmo enganado pela paixão. A paixão dói e é vermelha. Esses pedaços da minha vida, eu já havia escrito esperando exatamente essa ocasião.
Queria me desculpar pela ausência na vida dos meus netos. Eu virei avô muito cedo, estava ainda vivendo a vida com duas mulheres incríveis. Espero que me entenda, mas não faço questão de me justificar. Já estou partindo. E quando eu for de vez encontrar sua mãe no jardim dela, você pode ficar com tudo o que tenho. Todas as jóias antigas, os livros, a casa, a fornalha do porão e as minhas experiências poéticas. Tudo.
Bom, Cauã, manda um beijo pra Júlia, pro Pedro e para os meninos da Renata Galvão. Por favor, doe os meus órgãos e escreva na minha lápide o que quer que seja, mas que seja um adeus. Agora vou tomar meu remédio, e se eu morrer até lá... Boa sorte.
Abraços e sorrisos,
Papai.
Assisti, então, ao vídeo mensionado no post anterior. Ele é maavilhoso. Rob Bell consegue colocar de uma forma criativa e sem deixar escapar nada, o que é amar a Deus. Muito sutil e doce, todos os pontos que ele destacou.
Ok. Eu não tenho mais o que complentar e nem preciso falar de outra maneira. Aos interessados que assistam à nona edição, condedida pelo site Apenas Música.
Ok. Eu não tenho mais o que complentar e nem preciso falar de outra maneira. Aos interessados que assistam à nona edição, condedida pelo site Apenas Música.
Estava eu, aqui, frente ao computador, sem aquele sono esperto que insiste em não chegar e fazer companhia. Ele anda meio ausente, acho que tá de birra, porque tenho o ignorado quando quero e querendo que ele venha a qualquer hora.
Mas, apesar dessa insônia maldita, a madrugada me concedeu algo belo. Ao passear pelos muitos blogs que tenho no canto direito do meu blog, em busca de algo novo, cliquei no Apenas Música, que por muitas e muitas vezes não me deixou desistir desse grande desafio que é ouvir apenas música cristã (Eita, saga complicada).
O post, que eu acabei parando para ler, foi o que está linkado logo acima. É um dos vídeos do Nooma, um grupo que faz um trabalho incrível, caso queria entender melhor clique aqui.
Bem, desde a primeira vez que o Apenas Música postou algo sobre eles, eu estava querendo assistir aos vídeos, mas era muito demorado para carregar no You Tube e eu não despertei para o link do download, mas enfim... O último vídeo que foi postado, deve estar incrível e dessa vez estou baixando. Só mais 37 minutos e já venho escrever mais para dizer como é.
Porém, eu sempre li os pequenos resumos que foram, cuidadosamente, traduzidos. E o resumo do Bullhorn, nona edição, está inteiramente reproduzido do Apenas Música aqui:
Mas, apesar dessa insônia maldita, a madrugada me concedeu algo belo. Ao passear pelos muitos blogs que tenho no canto direito do meu blog, em busca de algo novo, cliquei no Apenas Música, que por muitas e muitas vezes não me deixou desistir desse grande desafio que é ouvir apenas música cristã (Eita, saga complicada).
O post, que eu acabei parando para ler, foi o que está linkado logo acima. É um dos vídeos do Nooma, um grupo que faz um trabalho incrível, caso queria entender melhor clique aqui.
Bem, desde a primeira vez que o Apenas Música postou algo sobre eles, eu estava querendo assistir aos vídeos, mas era muito demorado para carregar no You Tube e eu não despertei para o link do download, mas enfim... O último vídeo que foi postado, deve estar incrível e dessa vez estou baixando. Só mais 37 minutos e já venho escrever mais para dizer como é.
Porém, eu sempre li os pequenos resumos que foram, cuidadosamente, traduzidos. E o resumo do Bullhorn, nona edição, está inteiramente reproduzido do Apenas Música aqui:
"Deus ama a todos, então um cristão deveria amar também. De fato, Jesus disse que a coisa mais importante na vida é amar a Deus com tudo que temos e amar os outros da mesma forma. Mas nem sempre é fácil amar a todos ao nosso redor, não é?
Às vezes nós discordamos fortemente com outras pessoas de posições políticas, religiosas, comportamentos ou de qualquer outra coisa, e isso dificulta a amá-los, quando sentimos que estamos bem e eles estão muito enganados. Mas Jesus não separa amar Deus e amar os outros. Então talvez a melhor maneira de mostrar o nosso amor a Deus é realmente amar todas as outras pessoas, não importa quão difícil isso seja às vezes. Talvez essa seja a única maneira."
Isso mexeu comigo. Porque não há nada que eu defenda mais, do que essas palavras que escritas aí estão. Não há nada que eu ache mais lindo do que crer nisso que foi dito logo acima. E me tocou tão fundo, que a alegria que está transbordando em mim, mas que por um momento pensei que fosse ilusão, insitiu em ficar.
Deus é tão perfeito e soberano que na triste e solitária insônia que a vida me prega, Ele me manda uma mensagem diretamente de onde Ele mora dizendo que o que eu penso, defendo e digo aos meus amigos (cristãos ou não) é o que ele quer que eu diga. E como ficar mais feliz depois dessa?
É por essas e outras (muitas outras) que arranco meus cabelos por não saber como há a possibilidade de não acreditar em Deus, porque alguém decidiu isso tudo que está ao meu redor e tenho convicção que não foi ninguém que seja humano como eu.
De qualquer maneira, é isso que eu sigo: o amor que Jesus Cristo nos ensinou. E, talvez, seja essa a minha "religião". Sou protestante, independente do que uma galera possa pensar antes de me conhecer. E sou feliz e amo. Amo a Deus e ao próximo, como a mim mesma.
É por essas e outras (muitas outras) que arranco meus cabelos por não saber como há a possibilidade de não acreditar em Deus, porque alguém decidiu isso tudo que está ao meu redor e tenho convicção que não foi ninguém que seja humano como eu.
De qualquer maneira, é isso que eu sigo: o amor que Jesus Cristo nos ensinou. E, talvez, seja essa a minha "religião". Sou protestante, independente do que uma galera possa pensar antes de me conhecer. E sou feliz e amo. Amo a Deus e ao próximo, como a mim mesma.
Se eu soubesse
Que avião virava estrela
Já estaria morando em um.
Que avião virava estrela
Já estaria morando em um.
Nas paredes, sorrisos marcados
Aparecia com cabelo para o alto
Duas da tarde, tinha gritado sozinha
Dança ao som de uma curta sinfonia
Um homem bom chegou a ceder
Os lugares que a fizesse entender
Sem rima ou com rima, mas sem força
Dizia para ela, para eles e a todas as moças
Que o centro do mundo
É quente, ferve e queima.
Aparecia com cabelo para o alto
Duas da tarde, tinha gritado sozinha
Dança ao som de uma curta sinfonia
Um homem bom chegou a ceder
Os lugares que a fizesse entender
Sem rima ou com rima, mas sem força
Dizia para ela, para eles e a todas as moças
Que o centro do mundo
É quente, ferve e queima.
Em alguma hora nós seremos felizes, mas ainda não entendo porquê não posso ser a todo tempo. É desagradável e até cômico, como o rosto das pessoas se dobram quando eu digo que sou feliz com uma forte convicção capaz de convencê-las de que é verdade. Mas não entendo porquê há essa dúvida. Acredito que a vida nos condiciona ao que deveremos ser (e isso é incrível), mas temos quer aprender sempre que for possível, para poder agarrar as oportunidades que nos surgem. E é por isso que sou feliz. Ser feliz não significa não ter problemas, ser rico e famoso. A felicidade está em poder sermos nós mesmos, está em tudo. O ar é feito de felicidade, porque só pelo fato da vida, por ela só, nos levar aonde devemos estar... Bem isso sim é ter alegria. Feliz por ser livre, por viver por poder amar e saber o que isso significa. Mas eu posso entendê-los, porque se somos diferentes, bem... talvez o que eles acreditem ser a felicidade seja diferente do que eu creio que seja. Porém, eu não acho que deveria ser assim. A felicidade tinha que ser a mesma para todos. É! Assim seria bem mais fácil fazer as pessoas felizes.
E se eu quisesse gostar
De alguém que não é do meu mundo
Um alguém proibido
Um amor inoportuno?
Quem diria não
E me mataria por dentro?
Quem seria o carrasco?
Me deixar no sofrimento.
E se eu sumisse por aí
E amasse sem medidas?
Trocaria minha vida
Por um amor às escondidas?
De alguém que não é do meu mundo
Um alguém proibido
Um amor inoportuno?
Quem diria não
E me mataria por dentro?
Quem seria o carrasco?
Me deixar no sofrimento.
E se eu sumisse por aí
E amasse sem medidas?
Trocaria minha vida
Por um amor às escondidas?
Juarema, no meu galho, uma vez pulou
Parecia uma macaca, mas sem fibra e nem cor
Tinha dois olhos grandes, se não era uma coruja
Tinha dentes afiados, chamei-a bicho do mato
Era todo dia assim, Juarema se despia
E sem dó nem piedade, como diz minha tia Binha
A malvada maltratava.
Que um dia eu disse assim:
-Cabra meu, pegue a espingarda
Que essa doida não fica mais
E se ajunte mais dez guardas
Pra acabar com essa safada!
Quando viu os cangaceiros
Juarema recuou, como bicho indefeso
- Ô bicho homem,
Se como cristo tem compaixão
Me deixe viver, eu vou me aquietar
Mas pro inferno não vou, não!
Compaixão como a de Cristo
Ninguém nuna há de ter
Mas seus olhos tão bonitos
Me fizeram entender
A paz veio morar comigo
Juarema estava lá
Acanhada e escondida
Como um cão, fez-se acalmar
As notícias não eram muitas
Mas a paz há de reinar.
Parecia uma macaca, mas sem fibra e nem cor
Tinha dois olhos grandes, se não era uma coruja
Tinha dentes afiados, chamei-a bicho do mato
Era todo dia assim, Juarema se despia
E sem dó nem piedade, como diz minha tia Binha
A malvada maltratava.
Que um dia eu disse assim:
-Cabra meu, pegue a espingarda
Que essa doida não fica mais
E se ajunte mais dez guardas
Pra acabar com essa safada!
Quando viu os cangaceiros
Juarema recuou, como bicho indefeso
- Ô bicho homem,
Se como cristo tem compaixão
Me deixe viver, eu vou me aquietar
Mas pro inferno não vou, não!
Compaixão como a de Cristo
Ninguém nuna há de ter
Mas seus olhos tão bonitos
Me fizeram entender
A paz veio morar comigo
Juarema estava lá
Acanhada e escondida
Como um cão, fez-se acalmar
As notícias não eram muitas
Mas a paz há de reinar.
Eu vi quando você parou de chorar. Sua mãos brilhavam. Vi quando você mentiu, também. Tanta dor para um coração. Pena que ele não tinha piedade de você. Quase doeu meu coração, mas preferi me afastar da sua dor. Você a inventou, era só sua e de mais ninguém. Você viu... Sozinha não era capaz de segurar tanta dor. Viu a besteira que fez e eu não iria te socorrer para não estragar seus planos. Eu o olhei. Meu olhar estava fixo e determinado. Ele me quis com tanta raiva, mas eu me esquivei, porque tinha visto quando você começou a chorar. Tinha até esquecido de escrever sobre o que eu pensava, apenas via você flutuando, lacrimejando e dando um sorriso malvado quando achava estar sozinha. Mas eu estava lá. Eu vi tudo o que você fez comigo e por ele. Mas você não viu quando me afastei da sua dor. Você ainda chora e chora a todo momento. E eu saí ganhando, apesar de tudo. Porque eu não chorei nenhuma vez por você.
AI, MAIS UM ANO NOVO! Daqui a pouco ele envelhece... E como disse um amigo: 2008 levou muito tempo pra acabar... demorou um ano.
Bem, já fiz muitas restrospectivas, então agora eu vou durmir!
5h da manhã é paaaaaaaalha!
2009 será espetácular, Deus!
Beijos e felicidade.
Bem, já fiz muitas restrospectivas, então agora eu vou durmir!
5h da manhã é paaaaaaaalha!
2009 será espetácular, Deus!
Beijos e felicidade.