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Me pegou na escola, dizendo ser meu professor. Queria corrigir todos os meus erros gramaticais e disse "Pegou-me". Descobriu que tinha 16. Pirou, mas da melhor forma possível. Sábado, buzinou aqui na varanda e me olhou como se me puxasse pelos cabelos. Tocava uma música serena, delirante. Ela entrava devagar, bem sem pressa e caminhava lentamente pela roupa, pelo corpo, pelo coração. E dizia, nem me lembro em qual idioma, que todo desejo vem da carne. Pude ler seus pensamentos por alguns segundos e vi um homem puxando pelos cabelos uma pequena e esperta como eu, olhando-a como se fosse amar. Que engraçado. "Essa música é uma delícia, sabia?". Quem disse isso? Tomamos inúmeros goles de qualquer destilado. Comecei a ver espelhos em toda parte. Depois de tanto beber, comecei a ficar sóbria. "Eu não amo você". Fui eu quem disse essa. Algumas risadas depois, estávamos no elevador que escalava cada andar com passos de formiga. Lento como uma música gostosa. Seus pensamentos me mostravam em outra posição com outras intenções. "Vou tomar banho". Os olhos piscaram e ele estava em minha frente dizendo "Eu sou a música".

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