eu sabia que seria a última vez, mas não quis que você soubesse. quis que você pensasse por um segundo que tinha ganhado, me ganhado. e aí eu me dei o privilégio de aproveitar até o último minuto, enquanto você aproveitou só o primeiro. você não terá o último minuto disso tudo. isso, sim, eu te neguei. eu quero que você perceba lenta e dolorosamente que eu não vou parar a minha vida por essa sua brincadeira. minha vida não parou nem naquele dia que eu pedi aos céus que parasse. você não é nem de longe a droga mais forte que já usei. é, talvez, uma das mais fracas e inconsistentes. eu, sim, sou uma droga pesada, forte, alucinógena, transcendental. eu sei disso não só porque aquele dia você me disse, mas eu sei porque eu sei o efeito que eu causo em pessoas como você. é difícil lidar com esse seu complexo de deus diante de uma verdadeira deusa. é difícil aceitar a sua limitação e humanidade diante de uma mulher grandiosa. e então você tenta fingir que não me ama, que não me admira, que não baba enquanto eu falo, ando, mexo, danço, transo. você finge que não é comigo que consegue dizer tudo o que nunca conseguiu dizer pra ninguém. eu sei. esse é o meu poder. as pessoas não falam com ninguém, mas comigo falam. meu encanto é esse. sereia que sou. deusa que sou. e ainda, benevolente que sei que posso ser, te deixo um conselho: respeite a minha divindade, porque os céus não perdoam quem uma deusa ultraja.

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