Cartas Coloridas I

Arco-Íris, 21 de outubro de 1998.

Querido, azul.
Te escrevo para propor algo fora do comum. Já até sei que você disse não. Mas, ah, que isso, vai! Vamos sair e esquecer o passado e o futuro. Vamos ser, como se fizesse diferença para alguém . Vamos curtir. Eu e você. Todos os nós. Vamos beber, como se ninguém proibisse. Vamos amar, como se não fosse difícil. Vamos tentar mudar o mundo, como se fosse fácil. Vamos falar mal do PSDB, como se ninguém fosse querer nos matar. Vamos comer chips todos os dias, como se não fosse fazer mal. Vamos rir muito, como se não fosse doer a barriga. Vamos chorar, como se não fosse doer os olhos. Vamos, ah, vamos! Vem comigo, cair de cabeça. Ser inconsequente. Só hoje. Porque quando eu era criança a minha inconsequência não ameaçava ninguém, nem a mim mesma. Agora que pareço estar mais crescidinha, tenho que fingir que não sou mais criança. Vamos esquecer a lei, a doutrina, os metodos e os fins. Vamos ser autênticos e espontâneos. Só por um segundo. Pra ver se é isso que nos falta. Um beijo e um cheiro.

Vermelho.

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