Desejos

Quero ter um filho. Quero fazer aniversário duas vezes ao ano. Quero viajar até Pernambuco com uma mochila enorme nas costas. Quero acordar ao lado de um amor numa cama bem macia em Fernando de Noronha. Quero sair de casa. Quero fugir de casa pra te ver. Na verdade, não quero nada.
Sonhos aleatórios ocupam a minha mente de um futuro que não me pertence e que nem perto está. Deixam o ar rarefeito, difícil de respirar. Sei que tem nome pra isso, tem nome pra tudo nessa vida. Ansiedade. Se tudo se resume no desejo de que as coisas simplesmente aconteçam é porque eu realmente fico apavorada por não ter controle sobre tudo. Nem sobre mim.
A minha mente é um infinito rolo de fita. E desfia e desfia e desfia... Não importa em que época estarei. Vou sempre tentar prever ou, menos que isso, imaginar o que estar por vir. Acho que vivo mais e muito mais feliz nas coisas que imagino.
Ele disse que me amava e que queria ficar comigo pra sempre. Tiramos fotos pro orkut, pro twitter, pro facebook, pra minha parede. Trocamos alianças de amizade, de namoro, de noivado, de casamento, tatuagens. Vivemos feliz.
Aí eu acordo num estalo ouvindo Damien Rice numa noite solitária. Eu me nego a chorar, porque eu me sinto muito bem. Não sou bonita quanto ela. Mas sou amada. Constantemente amada.
E desfia e desfia! Bang. O anseio pelos momentos interessantes da minha vida me sugere vontades de coisas que não devo fazer. Suspiro e imagino. Enxergo de uma maneira ímpar.
Suas mãos passeiam sobre mim, se perdem, me perco, nos perdemos. Bluft. Faixa 7 do segundo CD do Damien. Ainda é noite, ainda é solitária. Ainda sou eu desfiando...
Tentei dominar de novo os meus pensamentos. Concentrei-me, troquei de música, mudei o público alvo. Na verdade, lembro bem daquela vez que o vi após a peça de teatro. Agora já era, se tentar prever não me bastava, fui então retroceder e rir e chorar o leite seco no assoalho.
E desfia...

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