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Cortes Lentos

Este blog reúne o trabalho literário da escritora capixaba-carioca Isabella Mariano.

Eu a vi de longe
Ela era do tipo
Que provoca o ódio
Que incita amor
Que te faz soar
Que te enlouquece
Pude prever
Então, não.
Desce a cuíca aí,
o pandeiro e o violão,
também o surdo e o tamborim,
sem esquecer, é claro
do gilberto e do jobim

Porque o choro vai embora
se o cavaco resolver ficar
a minha sina tem quatro cordas
e o samba se fez meu lar
É engraçado isso, agora. Ter que escolher entre desistir e persistir. Não me lembro a última vez em que tive que fazer isso. Ninguém me ensinou as regras do jogo, aprendi no olho. Não sou amável e não sei fazer com que seja. Se minha espontaneidade servir, que o jogo comece. E a gente finge que não gosta, fala que não quer e depois pensa bem. Pensa mais, pensa em mim. E a gente ri, e a gente brinca. Mas se quisesse saber: aquilo ontem foi mais íntimo do que qualquer beijo seu. Prefiro a música cantada assim por nós e todo mundo a ter que fazer você sofrer.
O que chamariam de ato falho eu chamei de ímpeto. Segurei bem firme minha vontade, com as duas mãos, esmagando meus pequenos dedos uns nos outros. Quis dizer, na verdade, gritei o que sentia. Precisei do ridículo para ser vista. Mas ninguém olhou. E quem viu, não sentiu. Só pensou e riu. O que me conforta é poder escrever tudo isso no passado. Um pretérito perfeito, totalmente acabado. E será esquecido, como tudo o que passa e não volta.

Se o tempo puder passar um pouquinho mais rápido, talvez eu também ria desse pretérito. Dessa vontade, desse ímpeto. Mas hoje não. Escolhas são portas. Decidir por uma é afirmar com toda certeza que todas as outras estão sendo descartadas. Eu posso desistir, mudar de ideia, dar meia volta. Mas um fantasma sempre virá me lembrar.

Fantasmas não da memória minha, particular e individual, mas alheia. São incontroláveis, imbatíveis. Foi sobre eles que falei: os juízes da terra. Andam com meias nos pés para não serem ouvidos, usam óculos escuros para não serem decifrados e atacam com uma descarga elétrica assustadora. A esses, pelo menos, posso dizer não. Posso ignorar, posso não ouvir.

A mim, porém, não sei calar. A voz ecoa e repete o quanto for preciso, para que eu mude de ideia e volte a me encaixar naquela forma. Vou rejeitar as expectativas e já estou pagando minhas contas. Uma injeção na consciência e tudo se faz bem.
essa é a hora
dos juízes da terra
revelarem sua ameaça
seu sorriso insano
de uma insanidade
que mata

juízes humanos
achando que são deus
sem nem conhecer as leis
entrando sem bater
batendo ao entrar
e machucando

esquecendo que
somos todos a metamorfose
um a um tentando parecer
alguém que não se sabe quem
por isso mudando

sempre
ando meio que vivendo
meio que ando morrendo
não sou um morto-vivo
pior: um vivo-morto
tentando dizer à morte
'não vem', sem perceber
que o assassino é o próprio
vivo-morto divido
entre dois caminhos
por um simples
hífen.
do canto do rosto
um sorriso brotou
e era mais lindo
do que a fina flor
do filme
da letra
do tom
o tempo dilatou
a mente mentia
media cada gesto
indecifrável harmonia.
felicidade é o que me basta para ser feliz
virtude
(latim virtus, -utis)
s. f.
1. Disposição constante do espírito que nos induz a exercer o bem e evitar o mal.
Dá pra pensar em Monalisa e não pensar em Da Vinci?
Pensar em "A noite estrelada" e não pensar em Van Gogh?
Pensar no avião, sem pensar em Dumont?
Falar sobre a relatividade, sem falar de Einstein?
É assim que eu me sinto, quando penso no mundo.
por que eu penso em você como "nós"?
eu poderia dizer "que inferno",
só que as vezes parece tanto com o céu
é, contudo apesar de tudo, um infortúnio
quero dizer, quem vê, não pensa
e nem quem for pensar, vai ver
porque quando eu pensei, não vi
e quando vi, me assustei
você completa minhas frases
mas isso é um segredo assustador
que ninguém nunca vai e nem num pretérito perfeito
pensou existir - nem eu, nem você
então eu deixo assim ficar subentendido
como uma ideia que existe na cabeça e
não tem a menor pretensão de acontecer
costumava chorar quando chovia
achava que deus tava chorando

mas

descobri que ele tava só se disfarçando
pra chegar mais pertinho de mim
seus olhos tentam brincar
esperando um sim
ping pong
peteca
moleca
meleca
eu não quero mais
não quis desde a última vez
que a minha raquete quebrou
e você perdeu
mas parece que você quer
mesmo com tantos mil
um olhar que seja exatamente
o meu
é preciso escuridão
para que haja luz
e, de repente,
de uma forma tão inesperada
ela brilhou
como um flash
tão forte que me cegou
não havia mais a escuridão
tudo o que sentia
era o calor que vinha dela
agora tá tudo bem,
estou acordando
de um pesadelo.

você vem
diz 'minha flor'
declara todo seu amor
me aperta
me abraça
diz que sim
que casa comigo [se eu quiser]
mas só da boca pra fora
eu sei bem do que cê é feito
mas cuidado
quando eu quiser mesmo
sai de baixo
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Isabella Mariano
Isabella Mariano nasceu em 1992, no Rio de Janeiro, mas logo se mudou para Vitória. É jornalista, escritora, designer e mestre em Comunicação e Territorialidades. Em 2013, publicou o livro "gotas" e, em 2015, o "Cortes Lentos" - ambos de poemas.
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