O silêncio absoluto existe de fato? Quer dizer, se a coisa toda é uma só, há de haver qualquer grito escondido enquanto a gente cala do lado cá. Silêncio bom é silêncio nosso, de alma. Esse silêncio outro, de fora pra dentro, chega a ser engraçado. A gente se pega tentando achar explicação pra tudo quanto é ruído. Pelo menos, eu o faço aqui na cidade. Tem sempre um motor ligado, um pneu freando, um grito de socorro ou de prazer. Tem sempre qualquer coisa acontecendo e se o nosso relógio não freia, tal qual - quase sempre - desesperado o pneu notívago, que fazer? A gente fica meio anestesiado, né... Taí. Por isso que eu digo que, ainda que o silêncio absoluto seja um mito, o silêncio da alma é o que me fez escapar diversas vezes da loucura sem propósito, aquela que deixa a gente meio robótico. Sei lá, ela é tipo meu pior pesadelo. E aí quando vem qualquer sintoma dela, sempre latente, saio de cena por uns minutos, por uns dias, por uns meses. Ah, nem penso bem o tempo. Só saio. Um pouquinho. Sabe? Ou não sabe?

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