às vezes, eu sinto falta do mundo pequeno. mas isso não dura muito. quanto mais sei, mais quero saber. quanto mais caminho, mais quero chegar. a questão é que nunca chego. não tem fim a caminhada, até que o fim venha inesperado, não planejado. o que dá pra planejar é a vida, e ainda assim se acostumar a ser surpreendida com os descaminhos e as portas fechadas.

eu cresci habituada a estar em movimento. cresci com o barulho, o medo, a violência, o caos. quando pude ser eu mesma a minha mãe, busquei silêncio, e o mundo pequeno me pareceu seguro. o mundo pequeno me pareceu mais controlável.

mas é mentira que viemos para governar. nada é governável. a gente só encena bem grandes farsas. a natureza é rebelde por essência. da minha ingovernável natureza, veio o desejo do mundo maior. e quanto mais o mundo aumenta, mais eu me sinto menor - e diferente do que se pode supor isso me causa certo alívio.

sinto que não devo mais nada - se é que algum dia devi. se é que podemos falar nesses termos, quando o assunto é amor. ou algo parecido com ele. sinto que tenho fechado portas eu mesma, para que meu outro eu não queira voltar. mas a gente sempre tenta, né? voltar pro útero, voltar pro colo.

e percebe que não tem colo. e não tem útero. não tem vida para onde voltar. só temos para onde ir. e eu quero seguir descobrindo, nos cantos do mundo, aonde é que eu posso chegar.

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