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Cortes Lentos

Este blog reúne o trabalho literário da escritora capixaba-carioca Isabella Mariano.

Antonio Olinto tinha dois olhos, duas culpas. Olinto queria ser como os outros e saber que seus olhos eram suas janelas e tornar isso bom. Porém pela janela, ele sabia, vemos o que está dentro também. E Antonio Olinto não era um poço de doçura. Mesmo que essa seja a tendencia dos bons puritanos do mundo. Portanto, duas culpas. Uma por ter o que tinha dentro, outra por não fazer nada para melhorar o que tinha fora. É estranho escrever assim, pois parece que as personagens só se 'tocam' das coisas depois de um 'longo e tenebroso' tempo. Mas o legal disso é que cada um inventa a cronologia, quando no texto não é tão específico. Então, decidiu, por conta própria tornar das suas labutas dramáticas - tão pequenas, mas vistas por uma lupa - um universo de bons pensamentos e frutos saborosos. Criou diversas ilhas, com diferentes culturas e povos - e, portanto, diferentes comidas -, sem se esquecer do barco irrepreensível nomeado de Karl. E lá foram Karl e Olinto, viajantes das marés que fotografavam a Lua com os olhos. Revelavam as fotos para seus visinhos imaginários, numa mesa pequena e com cadeiras de barro, munidos de um violão inventado pelas madeiras das gigantes palmeiras de Grace Island. Muito charuto de Cubonópolis e um cheiro de amor, surpreendente, no ar.
Ele soube reinventar todo seu mundo. Desde o gosto das frutas, nomes até como se toca um instrumento e os gases que compõem o ar atmoférico. Virou dono de si e da sua visão. Domou seus olhos.
Diversas vezes, Karl perguntava a Olinto coisas da vida, o pequeno desconhecido era um mero aprendiz nesse mundo novo. E, então, o grande aventureiro fingia ser um pirata que já passara por tudo nesta vida. Contava sobre seus amores que nem existiram. Poemas não escritos e lugares nunca vistos. Mas sabia que em tudo poderia se aprender algo.
Certa vez, quando Karl já estava tirando a rede da água para descansar, viu Olinto chorando. Karl não aguentou de tanta fúria e pensou: Como pode essa ingratidão? Eu o fiz ser o mestre do mundo. O mais inteligente!
Ao se aproximar dele, Karl o olhou com o coração partido, mas ainda assim enfurecido e nem precisou perguntar para que ele começasse a falar:
- Tenho medo de acordar e ver aquelas duas janelas me atormentando de novo.
Fez-se um silêncio absoluto até que o céu começou a falar com pequenas e discretas gotas que desciam falando palavras de amor. Assim, Karl preferiu não dizer a verdade, pois viu que a chuva o fez bem.
Então ficava tudo certo. Se algum se entristecesse, a chuva via e vinha para dizer o que queriam ouvir. Magnifico céu, magnífica chuva! Era esse o pensamento de todos os povos das ilhas Hidden (era o nome do arquipélago que Olinto criou).
Eu até queria dizer que aconteceu algo horrível e ele caiu desse mundo; Que acordou um dia e estava num quarto com duas janelas. Mas isso não aconteceu! Olinto transformou aquela sala, num outro mundo, até pintou as paredes. É, ele mudou a própria vida num simples ato: virou-se para o outro lado da sala.
Quando Olinto entrava em um romance intenso e profundo, só conseguia amar se ela pudesse ver quão bela eram as Orquipefúdias brancas (flores que ele inventou). E ocorreu que foi pego de surpresa por uma bela mulher, Louise Foley, vinda do oeste com a pele lisa como dos Serquepos (fruto macio típico da tribo Mastepoan). Essa linda moça, pôde entrar em seu barco - o Karl -, pois quando Olinto a perguntou como se chamava, ela respondeu de uma maneira melhor do que a esperada, dizendo: - Tenho o nome, não da rosa, mas de quem a plantou.
Que mulher diria isso a ele se não fosse aquela sonhada para usar uma coroa de flores exóticas? Ela visitou seus arquipélagos e o mostrou seus amigos do mar. Eram dois mundos diferentes, mas que se completavam de tal maneira que era possível ouvir o som do amor. Além do cheiro, o som!
Quando se juntaram de maneira permanente, houve grande festa. Leões-marinho-cor-de-rosa pulavam pelas lagoas dos peixes Amiguidos. Persevejos fosforescentes voavam em volta deles. Quando a beijou, sentiu-se capaz de sentir o amor. Sentir o amor!
Era incrível tudo o que acontecera na vida de Olinto. Uma verdadeira história de amor consigo e com o mundo. Ele se emocionou ao contar a todos, na festa, sobre sua vida. Era bom que soubessem de onde ele veio e onde ele está agora.
O tempo passava como se o bem não acabasse. Era tudo bom! O que era ruim, imediatamente, era pintado por Caramáçu (um fruto que tinha uma tinta esverdeada dentro) e tornava-se novo!
Reinaram até que decidiram durmir com as estrelas e deixaram seus pequenos iulties (filhos) em seus lugares. Mas antes de irem completamente, ensinaram-lhes tudo o que era preciso. Tiveram certeza de que o amor seria repassado. E enquanto estava indo ao encontro com as estrelas, viu o amor! Estava na plenitude: cheirou, ouviu, sentiu e viu a perfeição intocável que é o amor. Sentiu que estava criando asas. E viveu para sempre.
Liberdade pessoal, eu acredito, mesmo, nisso. Afinal, não rola de você exigir liberdade assim sem condições, né? Você se liberta disso porque você detesta, mas se prende naquilo, porque você ama (E depois de um tempo muda). Por isso eu sempre digo que as respostas da vida são tão contraditórias que pequenos e poucos as conhecem. É difcíl eu ter que dizer, ninguém vai entender. Mas eu faço meu papel e vocês os seus.
Diferente de tudo o que se pensou, ou melhor, juntando tantas verdades ditas em alguns anos atrás e no minuto que se prossegue, eu posso dizer (e você também pode) que não existe liberdade generalizada, no sentido em que se relaciona a pessoas.
"Eu quero ser livre", é transitivo e precisa de complemento, entendem? Você larga os estudos, e ama a música. Larga as drogas e se apega à religião, ou vice-versa. Desprende-se da alegria, mas ama sofrer. Que é então este raio de liberdade? Talvez só mais um termo comunista, mas que a oposição costuma usar muito, já que é um assunto que interessa a todos e nos passam tão pouco sobre ela dizendo que liberdade é fazer tudo o que você quer e deseja. Complicado dizer isso com tanta veracidade, até porque o nosso querer é tão inconstante!
Mas analise a liberdade pessoal (pode ler-se como livre arbítrio), que Deus dos deu com tanta alegria: nós temos o poder incontestável, inacabável e absoluto sobre nós mesmos. A nossa liberdade é um absolutismo monarquico para com as outras, percebe a contradição? Você acredita no amor e ama. Acredita no ódio e odeia. Acredita em Deus e em Lúcifer e segue. Acredita em reencarnação e se indaga no que teria sido em outra vida. Você bebe ou não, doa-se, sorri, chora, trai, mente, esconde, atua, mata ou dá vida. Contudo, há sempre um momento que só e exclusivamente você poderá decidir o que fazer. Tem alguns até tentando formar um parlamento, aquela coisa de Revolução Puritana e tal, mas se é absolutismo monarquico, você sendo o rei de si mesmo, decide o que irá fazer, lógico.
Vendo esse negócio que chamam de televisão, Marcelo Nova disse que a consciência foi algo inventado como instrumento de opressão. Bom, talvez tenha sido. Você tem um livre arbítrio, porque diabos há de haver "peso" na consciência? Você faz, mesmo sem certeza completa, afinal... Você morre tantando crescer, mas foi você quem quis fazer. Erou ou acertou? Aprendeu alguma coisa de certo.
Pra finalizar (tô cansada), liberdade pessoal não é tão complicado, mas daria para falar muito sobre ela. Você decide e pronto. Você é tudo o que você já fez e aprendeu, baseando-se nisso você faz suas escolhas, ouve outras pessoas ou não ouve, mas no final quem irá decidir é só você.

Beijos.
Acalmem-se, jovens. Nada está perdido, pelo contrário. Estamos crescendo e daqui há pouco, aqueles velhos morrerão. Só estarão em livros de história ou debaixo da terra. Não vai ter nem pra Ditadura militar, nem pra Cominismo Marxista, só vai sobrar amor. Vamos viver em liberdade. A arte vai regir o mundo. Poderemos viver como índios ou na Lua. Escolas serão circos; Igrejas, ambientes para Saraus; Bancos doariam sangue e sorrisos. Tudo será alegre em passos sorridentes. Desde que não nos tornemos velhos como aqueles que lutamos. Teremos que ser jovens para sempre e aí sim ...
Cadê a tua trupe?
Vai, não me disse que quer ser artista?
Vai e dança. Mostra teu sotaque atuado.
Interpreta a dor e canta os movimentos.
Confunde tudo numa coisa só.
Confunde tudo o que é bem e bom.
Porque dessa maneira não tem problema.

Pinta o rosto com as tintas do amor.
Age como palhaço na noite,
E diz como poeta apaixonado.
Usa as vestes de linho esperançoso.
Sê tu teus sentimento
E serás feliz.
Primeiro eu acordei e quis tocar em tudo o que via e apertar todos os botões. Mais tarde me senti culpada por todos os estragos. Não havia mesmo outro modo de crescer? Saí dizendo que eu já apertei os botões proibidos e que não tinham resultados bons. Que fosse bom no momento, já que é maravilhoso fazer o que você realmente deseja... Passei e passo por momentos de nostalgia. Acho que quando fui contar à todos o que era errado, achei uma máscara na gaveta. Quantos anos eu tenho? Queria que tudo crescesse junto. Não dá pra viver muito em pouco tempo sem confundir o início com o fim. Dá vontade de esquecer tudo o que defendo sem nenhuma razão e não defender mais nada. Estaria me contradizendo (Mas já não havia esquecido seus princípios?). O que é realmente certo e errado eu não sei. Sei que o amor é certo e eu vou buscá-lo, eu quero sentir de verdade e aí eu posso dar adeus à esse mundo e à angústia de entender o amor sem tocá-lo o suficiente. Talvez eu seja mais serva de minha mãe do que de qualquer força maior. Decidir esperar que durma em paz para depois ser feliz. Decidi esperar até que as minhas atitudes não a afetem mais. É muito forte tudo isso, não tem como não ser. Ninguém pode se esforçar para perfeito por muito tempo, porque cansa e nós todos deste mundo sabemos disso. Temos as mesmas vontades, estamos ligados. Fariamos as mesmas coisas se pudessemos, mas cada um coloca uma roupa, pinta o rosto e vai pra guerra. Ou fica em casa tricotando e obedecendo a qualquer pessoa. Não vou esperar de mim nenhuma atitude sã, para que quando a insanidade me tome eu esteja preparada. Somos tão covardes, minto... eu sou tão covarde e quero levá-los comigo para não doer mais. Deixe assim como está, deixe ser como será. Sei que não vou estar errada o suficiente para querer voltar. Estou me libertando.

(Ainda tem mais, outra hora eu lhes conto)
Não quero ser bela aos outros olhos se não for bela aos meus próprios olhos. Mas busco ser. Vivo num paradoxo, ilusão que, às vezes, é só mais uma antítese, uma metáfora complicada e ignorada. Como em passos de uma dança, tudo sincronizado. Separado e misturado. Quero meu carro, uma casa, minha identidade e meu INSS. Meu cabelo preso naquela correria. Talvez seja pior do que esse "bem-bom" - para os mais antigos -, mas com certeza meu ego descansará. Minhas vontades serão realizadas se eu lutar para isso. Não que eu nao consiga nada assim e agora, mas é muito mais difícil, outras vontades eu já sei que devo ignorar e guardar na memória. Só quero diminuir essa distância da música boa, dos corações apaixonados, dos amores impossíveis, da cultura defendida, porém tão escondida. Essa distância da verdade, e do "viva a vida do seu jeito". Quero acabar com a proximidade a ignorância e intolerância religiosa. Vou equilibrar o que eu quero, preciso e devo. E vou tentar.
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Isabella Mariano
Isabella Mariano nasceu em 1992, no Rio de Janeiro, mas logo se mudou para Vitória. É jornalista, escritora, designer e mestre em Comunicação e Territorialidades. Em 2013, publicou o livro "gotas" e, em 2015, o "Cortes Lentos" - ambos de poemas.
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