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Cortes Lentos

Este blog reúne o trabalho literário da escritora capixaba-carioca Isabella Mariano.

eu me escondi no meu sorriso
você, em dois tempos, percebeu
mordeu o lábio, pensativa
o seu primeiro, depois o meu
e sem que eu pudesse prever
sem que eu pudesse fugir
sem que eu pudesse, mentindo, negar
você comigo se escondeu
Prepara que eu te fiz uma prece
Que é pra que você ouça quando me tocar
Palavras sem sentido, gotas de suor
Eu invoquei teu nome em uma nota só
Rezei como se fosse uma doce canção
Que é pra que você cante quando me chamar
eu queria poder te amar
acelerado e sem freio
descendo ladeira abaixo
e, se você quiser,
a gente vai assim
na contramão mesmo
eu tomei um remédio pra dormir
e dormi pensando em você
acordei com o som da sua voz
mas era ainda sonho
eu tomei um café mal passado
e tive asia enquanto estava ao seu lado
vomitei três dias depois
mas ainda era sonho
eu acho que você me lê feito um desafio
como se buscasse a palavra certa
como se eu fosse um prêmio de consolo
que só você pudesse ver
deve ser bom ter alguém que fala as coisas que eu falo
que abre o peito feito casa
dá comida e roupa lavada
- mas eu falo como sonho, sabe? -
deve ser bom enfim
ser desejado sem precisar se doar
sem ter que desejar igual e receber igual
só saber que há um desejo
fogo que só se sente o calor (nem arde nem doi)
mas é que eu quero queimar esse sonho
eu quero fazer um café perfeito
eu quero dar um show
te dar um tapa
entrar no ônibus errado com você
e a gente transar no alto daquele palácio
eu quero matar o seu desejo fraco
queimado
e enterrar as cinzas junto ao meu
eu me peguei pensando hoje
achando no fundo (no fundo) que tudo o que você faz
é pra ver se eu escrevo um poema pra você
taí
Depois de burra veia, vim notar o quão sexualizada fui na minha puberdade/adolescência. Eu mesma não sabia bem os limites. Já me achava adulta, porque a vida às vezes empurra a gente pra esse lugar. Especialmente se você é menina. Meu primeiro beijo foi aos 12 anos com um homem 10 anos mais velho por quem me apaixonei profundamente, como a criança que era. Eu era sempre diferente. Era inteligente pra minha idade. Ouvia muito esse tipo de coisa e gostava. Satisfazia um ego e um desejo de não ser burra e louca como todos achavam que crianças e adolescentes eram. Talvez por isso mesmo hoje eu dê tanto valor pro que pessoas dessa idade pensam... 

"Não é a mesma coisa... Conversar com você e conversar com as meninas da minha idade". Ouvi isso de mais de um, mais de dois homens, em diferentes idades. A conversa padrão se repetiu entre meus 12 e 16 anos. É o tipo de coisa que conquista qualquer garota. "Você, hein? Você é mesmo surpreendente". Quando falava coisas que, pra eles, eram óbvias. Depois dos 18, isso começou a parar de acontecer e, depois dos 21, era o fim da Isabella diferente. E olha que hoje em dia me considero ainda mais diferente e sagaz do que aos 13.

Esses dias estive pensando nisso tudo e em como é difícil manter relações amorosas e em tudo. E, bom, se eu era minimamente inteligente com 12, 14, 17 anos, hoje em dia eu o sou ainda mais, oras. E nem é essa palavra mesmo porque inteligente todo mundo é. inteligência é uma faculdade que a gente exerce, cada um à sua medida. Não é pra me gabar, mas já me gabando, eu gosto mesmo é de fazer conexões, o maior número delas - apesar de ter um cérebro pequenininho. E acho que é isso que "imprime" inteligência pras pessoas.

Então, o que mudou de fato de lá pra cá? Por que não ouço mais esse tipo de coisa? Muita coisa. Mas, em especial, o corpo. O corpo franzino de uma menina, magricela, inocente, desesperada por cuidado, vulnerável. Hoje o corpo é outro. Mais livre, com pelos, celulites e mais velho, mais vivido. Um corpo de mulher com cabeça de mulher. É triste ver que é tudo muito naturalizado. Esse fetiche, esse apego pelo corpo infantil, franzino. Um corpo que facilita a dominação, um corpo que nunca vai questionar a relação de poder estabelecida naquele impossível namoro.

Pior ainda é lembrar que desses homens todos com quem me relacionei ainda criança, a maioria me deixava quando estava no auge do meu sentimento. Quando percebiam que eu não iria deixar que me erotizassem tanto, que o que eu queria mesmo era afeto - que não tinha em casa. Aí iam-se com a desculpa mais verdadeira de todas: "temos perspectivas diferentes". 

E daí percebo que essas preferências se repetem. Os corpos adultos de aparência infantil são fetichizados. Os corpos corpos, corpos com marcas fortes do tempo, são deixados em segundo plano. Acho que é isso que queria dizer, enfim. De qualquer forma, sou diferente mesmo, sempre fui, mas hoje não preciso que nenhum homem 10 anos mais velho me diga isso :)
Eu andei pensando sobre as primeiras vezes. É que abri meu livro de listas e, lá, como se fosse um tapa de luvas, havia uma lista de primeiras vezes me convidando a falar de mim. Tinha o primeiro beijo. Lembro bem como e quando, porque foi num show do Dead Fish e depois eu me apaixonei desastrosamente. Coisa de quem não conhece bem a vida. O primeiro vício que, peço a deus, sejam os livros. O primeiro carro, a primeira religião. E depois um monte de "primeiro(a)" com espaços vazios para que eu mesma entrasse na minha própria cabeça oca e definisse quais primeiras vezes me foram importantes e nossa...

Coloquei lá o primeiro emprego, o primeiro namorado e parei. Não há tantos espaços vazios assim e eu só tenho 26 anos pra agarrar cegamente e sem dor a certeza de que me foram encerradas as oportunidades de viver algumas mais primeiras vezes. Me nego a crer. Lembro que em 2015, em Curitiba, vivi primeiras vezes quase imorais. Dividir um apartamento, morar por um mês numa pensão, chorar quando um recém-conhecido me cantava Tim Maia, um biscoito batizado, um casal querido que me tomou pela mão e quase que me toma pelo coração com aqueles cafés da manhã divinos...

2013 também me permitiu essa dádiva. Amores mal amados, corações quebrados, festas, chão que dormi com litros de álcool na cabeça. Amores fortes que, mal sabia, permaneceriam. E permanecem. Dá, de repente, uma saudade estranha, atípica. E um medo também.

Essa coisa que a gente vai pegando jeito de fugir das primeiras vezes. Essa mania de preferir o que já é previsível e depois chorar noites reclamando da chatice, do tédio, do "já vi tudo isso acontecer", já li esse livro... E, de repente, numa noite chata, numa terça-feira qualquer, em que o trabalho tá atrasado, mas você já fez o que podia ter feito, e a família insiste em derramar seus dramas em você como se o próprio Jesus lhe houvesse iluminado a ideias... Nesse dia comum como qualquer outro, você sente uma saudade incomum. E gosta de repetir que é saudade do que não viveu. Besteira! É poesia só e poesia, a gente bem sabe, é meio inútil.

Só dá pra sentir saudade do que viveu, oras, e sobre isso estou bem certa haha É saudade de conhecer o novo, de se deslumbrar nos inícios tão curiosos que nos fazem ficar acordados à noite pensando "como?", que nos deixam vermelhos quando dizem o que não esperávamos, saudade de um sentimento gostoso como se sentir querido tipo na barriga da mãe. Saudade de ver o interfone tocar e ser alguém inesperado. Saudade de experimentar alguma coisa, qualquer coisa, pela primeira vez...

Esses dias me deu saudade de conhecer um monte de gente que já me é amor de novo. De ler de novo Clube da Luta como se eu não soubesse a coisa do Tyler com o Jack, sabe? Saudade da surpresa que é não saber o que vai acontecer. E não é como se a gente soubesse de alguma coisa, mas tem uma sensação que fica, depois de anos vendo a coisa acontecer, e que coloca na'gente essa ideia de saber o que será, sem muitas chances de se surpreender. 

Enfim, esses dias me deu saudade. 
E olha que nem tava chovendo...
sei que apesar de mansa
é vazia a tua fala
o saber, porém, não me para
e me abro a ti feito queda d'água

coleciono tuas palavras
como se elas fossem pequenos peixinhos
que me passam nos pés e fazem cócegas
chego a quase sufocar de tanto que nado

uma pausa pro respiro e: ah!
como é bom mergulhar
na ilusão que é a correnteza desse nosso amor
você derrama em mim o seu transbordar
sem saber que aqui não tem espaço
pro que não seja eu

não me caibo onde não há lugar

não que eu queira ser só
não que eu queira andar assim, a esmo
na estrada que deus me deu
mas é que quero a água que te falta
e não a que te sobra
quero o que tem aí de mais bonito
não o que quer jogar fora

fico melhor sem o seu lixo

só assim, meu bem...
só assim pra que o que vem daí
possa ser com o tempo
também eu
"Sabe quem nunca bambeia? Nunca se contradiz ou volta atrás?". Ele me perguntou com um ar cansado. Parecia um pouco chateado por perceber que, mais uma vez, precisava retroceder e se desculpar, enquanto via sua vida empoeirar depressa. Eu já não tinha muita paciência pra seus deslizes, tampouco tinha para ouvir suas filosofias roubadas de filmes antigos. Mas por alguma razão eu sabia que estar ali era uma forma de conseguir de uma vez por todas me libertar. 

"A morte", respondeu. Eu ri. Suas rugas e manchas na testa me lembravam do tempo com T maiúsculo e me faziam pensar em tudo o que ele já havia feito. Das chances que teve de não errar e errou. Das vezes em que insistiu em destruir outras vidas tentando dar um sentido menos medíocre pra sua própria vida. Ri, porque sabia que ele não contava com o peso das escolhas. Ninguém nunca lhe disse que a vida cobrava, então cresceu achando que o que fazia era a lei. 

Olhei longe e fiquei. A verdade é que somos pura reação. Essa é a lei. Em vez de florear a história com slogans indecentes que mandam fazer o bem, prefiro lembrar da responsabilidade. Talvez a melhor religião seria uma que tivesse um slogan sincero. Cheguei a esboçar um dia desses e era algo como: "faça o que fizer, lembre-se: você fez". Enquanto fervia em pensamentos, ele ficava repetindo frases, desculpando-se por coisas que eu já não me dedicava a pensar havia anos. 

Voltei a olhar suas rugas e notei que um silêncio pousara sobre nós. Ele queria uma resposta, um perdão que - eu sabia, mas ele não - só ele poderia conceder a si mesmo. Sorri breve e disse minutos antes de fingir uma ligação urgente e ir embora: "Todo menino é um rei, pai. Tá tudo bem".
eu queria que você desatasse o nó da minha garganta com a língua. ainda que fosse com a sua língua nativa. materna. e me contasse suas lendas, histórias ancestrais de um território-corpo cheio de desejos: o seu. e se derramasse feito queda d'água no meu peito pra que meu choro corresse em fluxo, desenhando os limites dessa ilha inabitada - que, por enquanto, somos nós.
Ontem choveu e me peguei lembrando do seu olhar. Não é nada, é só que a chuva me deixa assim, saudosa, nostálgica. Quando te vi pela primeira vez fiquei apavorada. Talvez eu queria que me visse assim, assustada, como se não soubesse o que estava fazendo. Mas sabia. Você também sabia. Tanto que não demorei a decifrar esse seu olhar. Minhas mãos trêmulas nada eram perto da profundidade que havia nos seus olhos. Deu um sorriso pra disfarçar.

É aquela sensação de vertigem. Como se não soubéssemos conceber completamente todas as razões que nos colocaram no alto daquele cume, daquela relação. Mas lá estávamos. Desejosos, pulsando pele e sentimento, tesão e pavor, amor enfim. Confesso que te amei por alguns dias. Acredito que foi a pessoa que amei por menos tempo, mas não sei medir intensidade. Nunca saberei. Só sei que amei.

Seu olhar me tocava. Sua mão me tocava. Sua fala ora rápida e desajustada, ora vagarosa e reticente, me tocava. Ainda toca, quando deixo a memória do ontem se fazer hoje. Quando me permito ver o tempo como um. Como ele é, de fato.

Ah, bem, cansei de medir amores pela duração que eles tiveram. Jamais os mediria por intensidade. Então, simplesmente não meço. Só me permito viver suas loucuras a medida em que me eles interpelam. E me acabo de saudade quando os vejo ir. Tardou, mas aprendi. Há uma força quase raivosa que provoca os encontros e os desencontros. Não cabe a mim, jamais caberá, impedi-la. Por isso, guardo a saudade em mim, bem fundo, para que quando chover eu tenha do que lembrar.
não é medo do fim
ou medo de ir embora
não é medo da queda
do erro, da falta
nem medo do oposto
do nulo, do que virá
essa vertigem, enfim,
não é medo do abismo
é medo de gostar de lá
primeiro:
abrigas um sorriso manso
que não exige palanques ou cortinas aveludadas
tua graça enche campos inteiros
e faz brotar em mim vida
como fruto de uma terra seca

segundo:
tens em ti todos os desejos
de todos os mundos e de todos os tempos
não basta o que vistes ou que pensas em ver
é preciso que saiamos de nós
para, juntos, tocarmos a visão além do alcance

terceiro:
admites que não é preciso que te ame sempre
sabes que amar alguém a todo momento
seria demasiado cansativo
e que as energias que nos habitam
não o fazem apenas em nome do amor
quis te amar
a despeito de toda sua loucura
e que me amasse
apesar de todos os meus medos
não amei, porém
e num bilhete amassado
ensaiei meu pedido perdão:
"uma fantasia, amor
é o melhor
e o mais perigoso
dos remédios"
tua saudade ainda me habita
como os nomes habitam as ruas
incapazes de se redizerem

recebi tua ausência
e depois de um longo curso
quis tê-la mais como dádiva
e menos como maldição

tua falta me leva a buscar
em lugares outros que não os nossos
em outros rostos, outros tempos
ainda que vazios do teu riso
ainda que manchados de alguma dor

tua saudade me faz seguir buscando
seu cheiro
me lembrou uma frase
que quis te dizer
você
com seu jeito torto
de fala engatilhada
e riso voraz
você, meu bem,
é o poema
que eu queria escrever
você pra mim
parece um blues
tipo nina simone
ou um jazz
meio etta james
billie holiday
sei lá
parece uma bossa
daquelas tristes
estilo noir
que me recolhe os ombros
perto da janela
antes de deitar
parece uma música que ouvi
com o menino cazuza
que esses dias me lembrou
daria tudo pra saber
"das cores e das coisas pra te prender"
eu vou colocar meu olho
bem na frente do seu
e largar meu cheiro
debaixo do seu nariz
vou aplicar meu gosto
na ponta da sua língua
e plantar minha voz
feito música no seu ouvido
pra que, depois, sua mão
decida o caminho
e encontre minha pele
por puro e espontâneo
desejo
os inícios não me interessam muito
apesar de nunca esquecê-los
com sua flores de primavera
e suas cores sempre tão felizes
os meios tampouco me afetam
ora outonais, ora veranis
sempre indo do gozo ao luto
mas devo confessar
aqui entre nós e esses goles de cachaça
que os finais, ah, os finais, meu amigo!
esses sempre acabam comigo
um abutre me ronda
sei bem o que espera encontrar
um corpo estirado adormecido
entorpecido quase morto
mas quente
um corpo alongado com curvas
sem curvas um corpo
um corpo sem dono
um corpo deixado largado
abandonado na mesa do bar
um corpo que ao acordar
só vai saber do abutre
quando o ventre começar a latejar
ser ou estar
no meu verbo
pouco muda
minha semântica
está e é
ou esteve e foi
ou estava e era
não sei
sei que sou algo
quase sempre perto
pra atestar que sou
- ou estou -
agora
tua
ausência
não fez
falta
mas
te reencontrar
foi um
presente
tive em mim
todos os sonhos do mundo
num estalo contudo
a vida se revelou
como máscaras
que caem sobre a mesa

o véu se rasgou repentino
e me vi gotejar depressa
olhei em sua direção
não mais estava estendida
a mão que me acalmara o choro
do mais terrível pesadelo

foi como se
a doçura que me habitava
a pureza dos gestos
a dádiva da ignorância
a ilusão do amor
e tudo o que você me fez
matassem metade de mim
para em seguida
caírem sobre mim feito águas
num batismo quase sagrado
que me fez nascer de novo
mais feroz e mais instigante
de minhas próprias cinzas
agora que sei
não me dói mais lembrar
é como se um lento rio passasse
e sobre as plantas pequenas
orvalho formasse
e o cheiro de terra
me subisse docemente
enquanto a brisa
leve e suave, me tocasse
lembrar de você não é mais dor
é deleite
quis ter dito tudo naquela exata hora
ferir o silêncio a cortes lentos
arrancar a dor pela raiz
e enterra-lá dentro de mim
querendo-a que fosse adubo
pra outros tempos
outros lares
e outras de nós

reticente, contudo, não pude
ruminei a angústia acumulada
e a fala entupiu no instante seguinte
a ânsia me subiu à garganta
mas engoli com um trago da sua cerveja quente

lembro-me como se fosse ontem
ainda ficou na boca um gosto de fel
por não saber seguir em frente
desbravou meu corpo
feito mata virgem
me olhou curioso
feito marinheiro de primeira viagem

se atentou ao desenho
às curvas, aos pelos
desenhou na forma
vagarosamente com seus dedos

sentiu, bateu, entrou

explorador nato
deixou um rastro alvo
pra, mais tarde, poder voltar
estou sempre dizendo
nem sempre digo com palavras
às vezes digo com o corpo mesmo
"Linguagem", você diz
ah, linguagem é isto: corpo
a corporeidade das coisas
que calhou ser esses signos todos juntos
Linguagem é sair sem se abandonar
e, queira você ou não, é o que fazemos
com essa troca de olhares no meio bar
ou quando nos tocamos dividindo o isqueiro
volta e meia a gente faz isso mesmo
a gente diz mesmo sem querer dizer
tenho sido abrigo para o caos
que se aconchega em busca de paz
que faz do meu peito cama, casa e mama
vem e implora ordem
chora seu próprio caos e depois vai
como quem só queria chorar
como quem só queria bagunçar
e bagunça
mas quem nasceu assim como eu
com esse jardim entre as pernas
não tem outra opção se não sorrir
e com um aceno lento e delicado
despedir-se
como se estivesse em paz
como se não quisesse chorar
mas chora

é esse meu corpo-água
que em cada desnível se lança
sem plano, estratégia ou meta

me permito e ele vai
desritmado
seguindo o tempo do vento
esquecendo de marcar o compasso

pode ser que, em fúria, te ame
e, num gozo profundo, declare
a beleza de um agora
de um instante
harmônico
entre eu e você

pode ser que, em graça, despreze
não por ódio ou malvadeza
mas por um amor meio fora do tom
meio desafinado
brega

amor ao rio, à nascente, ao oceano
ao vento e ao curso das águas
ao riacho, à queda d'água...

amor.
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Sobre mim

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Isabella Mariano
Isabella Mariano nasceu em 1992, no Rio de Janeiro, mas logo se mudou para Vitória. É jornalista, escritora, designer e mestre em Comunicação e Territorialidades. Em 2013, publicou o livro "gotas" e, em 2015, o "Cortes Lentos" - ambos de poemas.
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